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Notícias / Escravidão

Com 82 anos, idosa é resgatada de trabalho análogo ao escravo

Ainda não se sabe se vítima vivia nas condições análogas à escravidão antes do seu último “trabalho”

Redação Publicado em 07/12/2022, às 14h48

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Fotografia censurada da vítima - Imagem/ Reprodução/ Arquivo Pessoal
Fotografia censurada da vítima - Imagem/ Reprodução/ Arquivo Pessoal

Em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, uma senhora de 82 anos foi resgatada em uma residência de uma médica em situação que foi considerada analoga à escravidão, após 27 anos trabalhando como doméstica sem receber nenhuma remuneração. 

Dona Neusa, que recebeu esse nome fictício, foi resgatada após uma denúncia anônima no dia 24 de outubro pela Polícia Militar e o Ministério do Trabalho com ajuda do Ministério Público do Trabalho (MPT).

O casal que submetia a vítima a esse tipo de trabalho, por sua vez, teve seus bens bloqueados e ainda foram processados pela Justiça Trabalhista, que concedeu uma liminar, que cabe recurso, condenando o casal no dia 1 de dezembro, conforme repercutiu o UOL. Ainda, a vítima receberá uma indenização por parte do casal equivalente a R$815,3 mil. 

Investigações

Cedida, segundo a investigação, pela antiga patroa quando tinha 55 anos, os investigadores agora tentam descobrir se a senhora já vivia em condições análogas a escravidão antes de chegar ao casal atual. Dona Neusa começou a trabalhar ainda criança como empregada doméstica. 

Participante do resgate da senhora de 82 anos, o procurador Henrique Correia disse: "Sem estudos, amigos ou relacionamentos amorosos, ela se submeteu a essa situação por ser extremamente vulnerável". 

Ainda, durante a inspeção na casa em que a doméstica era submetida às condições análogas a escravidão, a fiscal do trabalho Jamile Freitas diz ter ouvido frases da mulher que mantinha Neusa, que tentou dificultar a investigação, segundo o MPT: "eu queria te bater, se pudesse" e "minha vontade era de te esganar". 

Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), a senhora de 82 anos, que era mantida sem salário e sem folga, só continuava trabalhando por conta de um sonho: uma casa que a patroa prometia a ela. Tal sonho seria um dos motivos que a mulher que submetia dona Neusa ao trabalho análogo a escravidão guardava todo o dinheiro que era para ser o salário da vítima. O sonho da casa própria por parte da senhora, no entanto, nunca aconteceu. 

A vítima, que trabalhava há quase três décadas sem receber nenhum direito trabalhista, ainda contou que os seus chefes enviavam R$ 100 por mês para o irmão dela. Esse dinheiro era pertencente ao Benefício Previdenciário Continuado (BCP) que dona Neusa recebia por conta da idade. O cartão de saque que pertencia a vítima ficava retido com a patroa dela. 

Além da indenização que será paga pelos ex-patrões, a vítima terá o direito de receber as verbas rescisórias e o auxílio desemprego.