Cada um dos bovinos produz o equivalente a três toneladas de metano por ano
Pode até parecer brincadeira, mas um experimento científico está colocando armaduras em vacas para medir a quantidade de gás metano presentes na flatulência dos animais. A digestão dos bovinos faz com que grandes volumes de metano (CH4) sejam lançados na atmosfera terrestre. O metano, assim como o gás carbônico, acelera o processo do efeito estufa, o que faz que a temperatura do planeta cresça a cada ano.
Espera-se que a implementação de um novo regime alimentar das vacas possa contribuir para a redução do gás na flatulência dos animais. Para isso, pequenas quantidades de algas marinhas são misturadas na ração e adoçadas com melaço – para disfarçar o sabor salgado do produto. A dieta é conhecida como amostra de Lindhoff.
Cada um dos bovinos produz o equivalente a três toneladas de metano por ano, e a quantidade da criação da espécie aumenta conforme a crescente necessidade de alimentar uma população em expansão. O estudo em andamento na Universidade de Kiel, na Alemanha, pode até fazer com que os apetrechos colocados nas vacas pareçam ridículos, mas é um passo importante para tentar conter a crise climática. O método adotado já reduziu em 30% o índice de metano na flatulência dos bichos.
Para sustentar o previsto de 9,8 bilhões de pessoas na Terra em 2050, o mundo precisaria produzir 56% a mais de alimentos em relação a 2010. Se o nível de carne e o consumo de produtos lácteos aumentarem, seguindo os hábitos atuais, seis milhões de quilômetros quadrados de florestas precisariam ser convertidos em locais para agricultura e pastagem – área duas vezes maior que o tamanho da Índia.
Um relatório da ONU, divulgado no começo do mês, sugeriu que o mundo deve adotar dietas mais saudáveis com base em vegetais para deter as mudanças climáticas. O atual sistema alimentar corresponde entre 25% e 30% dos gases de efeito estufa despejados na Terra.
Johan Rockstrom, ex-diretor do Instituto de Pesquisa de Impacto sobre Mudanças Climáticas de Postdam (Alemanha), disse que: “para ter alguma chance de alimentar dez bilhões de pessoas em 2050 dentro dos limites planetários, devemos adotar uma dieta saudável, cortar alimentos e investir em tecnologias que reduzem os impactos ambientais”.