Essa molécula possui uma característica "semelhante" aos lendários personagens do ator
O icônico ator Keanu Reeves, intérprete de Neo, de Matrix, e John Wick, protagonista da franquia de mesmo nome, foi homenageado por cientistas de um Instituto na Alemanha que resolveram dar a uma molécula o nome do ator em alusão aos seus personagens.
Um grupo de moléculas produzidas por bactérias do gênero Pseudomonas foram descobertas por pesquisadores alemães do Instituto Leibniz de Pesquisa de Produtos Naturais e Biologia de Infecções (Leibniz-HKI) e resolveram as batizar em homenagem ao lendário ator.
As moléculas descobertas podem, como repercutido pela Galileu, ser um poderoso agente contra doenças fúngicas em plantas e humanos. Elas foram comparadas aos personagens de Keanu Reeves por sua capacidade de matar, de maneira eficiente, agentes infecciosos que podem afetar plantas e humanos.
O nome escolhido para as moléculas diz respeito ao fato de que elas matam com muita eficiência, como informou Sebastian Götze, pós-doutorando em Leibniz-HKI e primeiro autor do estudo, segundo a fonte. Elas foram chamadas de “keanumicinas”.
Em um artigo publicado no Journal of the American Chemical Society, em janeiro, elas são descritas e foram classificadas como lipopeptídeos, isto é, moléculas com ampla aplicação nas indústrias biotecnológica e farmacêutica.
Elsa possuem propriedades antifúngicas que agem, especialmente, contra Botrytis cinerea, um fungo que ataca plantas e é o causador da "podridão cinzenta". As moléculas keanumicinas também atuam contra fungos patogênicos perigosos aos humanos, como aquele que é responsável pela candidíase, chamado Candida albicans.
As keanumicinas atacam apenas fungos e não prejudicam células vegetais e humanas. Por essa razão, especialistas acreditam que elas podem ser uma alternativa a pesticidas químicos que causam danos à saúde.
Muitos fungos patogênicos aos humanos se tornaram resistentes a antifúngicos — em parte porque [esses produtos] são usados em grandes quantidades nos campos agrícolas", explica Götze, em comunicado.
Com pragas desse tipo, não é apenas a saúde que é prejudicada, mas também a economia e a agricultura. Um exemplo, é o fungo Botrytis cinerea são capazes de afetar mais de 200 espécies de frutas e vegetais, sendo responsáveis por prejuízos milionários anuais em colheitas.
Ainda segundo a fonte, a descoberta das moléculas não teria sido uma surpresa para a equipe, como revela Pierre Stallforth, chefe do departamento de Paleobiotecnologia na Leibniz-HKI. Isso devido ao fato de que os cientistas já tinham o conhecimento de que esse gênero de bactérias era extremamente tóxico a amoebas.
Eles decidiram descobrir o que fazia com que as Pseudomonas fossem tão letais a certas espécies. E com isso a equipe pôde descobrir os genes responsáveis por sintetizar três compostos naturais e "exterminadores": as keanumicinas A, B e C.
Como a toxicidade dessas moléculas afeta principalmente as amoebas que se alimentam de bactérias, iniciou-se a suspeita de que fungos também seriam afetados por esse efeito, já que eles têm características fisiológicas semelhantes às de amoebas.
Essa suspeita foi confirmada quando especialistas testaram as moléculas em folhas de hortênsias infectadas por B. cinerea no Centro de Pesquisa para Culturas Hortícolas da Universidade de Ciências Aplicadas de Erfurt, na Alemanha. Nesses testes, o agente se mostrou eficaz contra a podridão do mofo cinzento.
“A keanumicina é biodegradável, portanto, nenhum resíduo permanente deve se formar no solo. Isso significa que o produto natural tem potencial para se tornar uma alternativa ecológica aos pesticidas químicos”, esclarece Sebastian Götze.
De acordo com ele, a aplicação das keanumicina em humanos ainda precisa ser estudada, mas em testes in vitro, elas já apresentaram bons resultados contra fungos que nos afetam. Com isso, elas são boas candidatas ao desenvolvimento de medicamentos antifúngicos.