Os supostos restos mortais do compositor alemão ajudaram a produzir a reconstrução facial, chefiada por um brasileiro
Redação Publicado em 02/08/2024, às 17h44
Reconhecido como o pai da música barroca, o alemão Johann Sebastian Bach é amplamente considerado um dos maiores compositores da música clássica, tendo criado mais de mil obras autênticas. Recentemente, o designer brasileiro Cicero Moraes, em colaboração com especialistas, recriou o rosto de Bach com base em imagens dos seus restos mortais. O resultado dessa recriação foi publicado na revista OrtogOnLineMag na última quinta-feira, 1°.
Moraes já realizou diversas reconstruções faciais, incluindo as de Ramsés II, o faraó egípcio, e Dante Alighieri, o escritor. Essas reconstruções foram realizadas utilizando técnicas de reconstrução facial forense (RFF), que visam recriar a face a partir do crânio, uma técnica particularmente útil quando há informações limitadas para identificar os indivíduos.
Para realizar a reconstrução facial, foram necessárias várias informações sobre o crânio, incluindo fotografias de diferentes ângulos, medidas lineares e análises antropológicas. O processo envolveu projetar as medidas lineares do crânio e ajustar a caixa craniana de um modelo virtual a essas medidas para criar uma imagem 3D. Utilizando dados sobre a espessura dos tecidos moles e a projeção nasal, foi possível delinear o perfil da face.
No final do projeto, a equipe obteve 12 imagens, divididas entre objetivas, coloridas e artísticas. As imagens objetivas, em preto e branco, não incluem detalhes sobre a pigmentação da pele, cabelo ou pelos, e mostram Bach com os olhos fechados devido à falta de informações sobre o formato exato dos olhos. Por outro lado, as imagens artísticas incluem elementos especulativos, como a peruca e a vestimenta.
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É importante ressaltar que esta não é a primeira tentativa de reconstrução facial de Bach, conforme repercutido pelo site da revista Galileu. Em 1894, foi descoberto um corpo que correspondia às características descritas por contemporâneos do músico em relação ao local e à maneira de seu sepultamento. O anatomista suíço Wilhelm His fez projeções do cadáver e as forneceu a um escultor, que então criou uma reconstrução do rosto de Bach.
Já no século 21, em 2008, uma nova reconstrução facial foi encomendada pela Casa Bach, um museu alemão dedicado ao compositor. Esse trabalho envolveu a digitalização de uma réplica do crânio e a realização de uma reconstrução forense digital, com base em um retrato de Bach pintado por Elias Gottlob Haussmann em 1746.
A reconstrução mais recente, divulgada neste ano, se baseou em análises de trabalhos anteriores. Os autores ressaltaram que ainda são necessários estudos mais detalhados para confirmar se os restos mortais usados nos projetos realmente pertencem ao músico.
“Aplicando uma metodologia estabelecida anteriormente, foi possível apresentar novas imagens em um trabalho com licença aberta e que pode motivar estudos e debates, além de evidenciar um pouco da história de Johann Sebastian Bach e dos supostos restos mortais do compositor”, explicaram os autores no artigo.
Em seu canal do YouTube, o designer publicou um vídeo mostrando o funcionamento do software Blender 3D para chegar ao resultado divulgado no estudo. Assista!
