Coronel afirmou à CPI dos Atos Antidemocráticos que bolsonaristas acampados no QG do Exército viviam em um “mundo paralelo”
Nesta quinta-feira, 16, o ex-comandante de Operações da PMDF, Jorge Eduardo Naime, prestou depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos, na Câmara dos Legislativa do Distrito Federal (CLDF) e afirmou que ouviu de um dos bolsonaristas que acampavam no QG do Exército que extraterrestres ajudariam as Forças Armadas em um almejado golpe de Estado contra o presidenteLula (PT).
Segundo oex-comandante de Operações da PMDF, como repercutido pelo Estadão, as pessoas que estavam acampadas no QG do Exército viviam em um “mundo paralelo”. O depoimento foi realizado na CLDF.
Teve um que me abordou e falou para mim que ele era um extraterrestre, que ele estava ali infiltrado e que assim que o Exército tomasse, os extraterrestres iriam ajudar o Exército a tomar o poder. Eles consumiam só informações deles, era só o que era falado no carro, estavam em uma bolha”, relatou aos parlamentares.
Em decorrência dos atos antidemocráticos, mais de 2 mil pessoas foram presas, segundo um balanço do STF. Após os ataques, Naime também chegou a ser detido, no âmbito da 5ª fase da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal.
Jorge Eduardo Naime era um comandante de Operações da PMDF na época da tentativa de golpe. Ele foi dispensado na véspera das invasões porque havia pedido folga; no entanto, ainda assim foi chamado e trabalhou durante os atos.
Ele afirmou, durante o depoimento, não ter participado do planejamento da segurança na Esplanada dos Ministérios no 8 de janeiro. Sobre a situação de que teriam sido empregados somente 200 policiais, todos eles do curso de formação, para atuar no dia dos atos, ele afirmou causar “estranheza”.
Ele não confirmou o número do efetivo, mas disse que 2.193 policiais militares foram aplicados durante a posse do presidente Lula, em 1º de janeiro, em termos de comparação. De acordo com ele, a informação que chegou na Polícia Militar foi a de que a manifestação seria pacífica e de baixa adesão.
Em documento encaminhado à CLDF consta o número de 200 policiais do curso de formação. O restante da tropa estaria de sobreaviso. O delegado Fernando Oliveira, ex-secretário de Segurança do DF, disse que foi avisado de que o efetivo empregado pela PMDF seria de 600 policiais.
A CPI dos Atos Antidemocráticos investiga os ataques golpistas realizados em 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes, promovidos por apoiadores do ex-presidenteJair Bolsonaro (PL).
A Comissão aprovou nesta quarta-feira, 15, a convocação do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), para oitiva.
O general Heleno foi citado várias vezes por alguns dos golpistas que são investigados como alguém que estimulou [os atos]”, disse o autor do requerimento, o deputado federal Fábio Felix (PSOL).