Autor do crime teria cometido tentativa de assassinato há dois anos, mas o caso não foi devidamente investigado
O autor do ataque à creche de Blumenau, um motoboy de 25 anos de idade, teria cometido uma tentativa de assassinato contra o seu padrasto há dois anos, conforme boletim registrado pela Polícia Militar. O episódio violento, no entanto, não foi devidamente investigado pelas autoridades de Santa Catarina.
Na época, o caso foi registrado como "lesão corporal leve", embora as perfurações com faca no pescoço, abdômen e braço do padrasto tenham, na verdade, causado lesões graves.
De acordo com informações do portal de notícais UOL, especialistas afirmam que essa classificação menos grave foi determinante para que o crime não tenha sido investigado como tentativa de homicídio, e o agressor não tenha sido julgado pelo Estado na época.
O padrasto do agressor, que teve um rim atingido, relatou ter ficado com sequelas, como enrijecimento do lado direito do corpo. Ele se separou da mãe do motoboy após o incidente e afirmou ter sido perseguido por ele desde então.
A vítima também declarou ter solicitado medida protetiva aos policiais após o agressor arrombar o portão da sua casa e esfaquear o cão da família, mas foi informada de que isso só era possível para mulheres vítimas de violência.
O homem então se mudou de Blumenau para outra cidade do interior de Santa Catarina por medo de ser morto e encaminhou vídeos ao órgão policial mostrando o agressor rondando sua residência de moto. Ele também forneceu imagens do portão depredado e do cão ferido.
O cara tentou me matar a facadas, mas o caso foi registrado como "lesão corporal leve". Era para ele ter sido preso. Mas, para a polícia, foi um corte superficial, só um arranhãozinho. Foi humilhante, me senti um zé ninguém", disse o padrasto ao UOL.
Conforme declarou a Polícia Civil, o padrasto não quis levar a investigação adiante porque o agressor seria internado em uma clínica de reabilitação para dependentes químicos.
No entanto, na visão do perito criminal aposentado e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Cássio Thyrone Rosa, "há uma série de equívocos. Não teve perícia, as pessoas não foram ouvidas para depor e não foi dada sequência ao inquérito. Só assim o suspeito poderia responder criminalmente. O Estado foi omisso. Com isso, sujeitou a sociedade a um risco de acontecimentos como o da creche."