"A dor parecia insuportável no início e levei muito tempo para sarar", já declarou o candidato
Era 1972 quando Joe Biden entrava no mundo da política, ao iniciar sua carreira como senador. Parecia que a sua vida estava apenas começando, sendo guiada para um futuro brilhante. No entanto, um trágico evento naquele ano marcaria a sua história,
Isso porque o episódio marcou as tristes mortes de sua primeira esposa, Neilia Hunter, e sua filha, Naomi, num acidente de carro. Aquele momento moldaria para sempre o modo como o político se comporta em público e a sua vida pessoal.
Biden conheceu Hunter em 1963 enquanto passava suas férias de primavera em uma praia de Nassau. Ela ainda estava no segundo ano da graduação, na Syracuse University, e ele no terceiro ano, na University of Delaware. Logo se aproximaram.
Todavia, só se tornariam um casal em 1966, quando trocaram votos matrimoniais, depois da primeira formação de Biden. Ele, então, decidiu se mudar para Syracuse com o objetivo de começar os estudos em direito, e carregando o sonho de posteriormente entrar na política.
Anos depois, com os dois já formados, se mudaram para cidade de Wilmington, no Estado de Delaware. Lá ele começou a exercer a advocacia como advogado, ganhando logo depois, em 1970, uma cadeira no Conselho do Condado de New Castle.
A essa altura o casal já planejava constituir uma família, e acabou que o casamento gerou três filhos: Beau, Hunter e Naomi, a última apelidada de Amy. Com uma família e um casamento estável, Biden decidiu que era a hora de seguir o sonho.
Em 1972, ele iniciou uma campanha eleitoral ao lado de sua esposa, que exerceu um papel fundamental para vitória de seu companheiro. Ele, com apenas 30 anos, concorreu pela primeira vez como senador estadual em Delaware. Em ato inédito tirou a cadeira do republicano J Caleb Boggs com sucesso.
Entre mil maravilhas, uma tragédia estava por vir. De acordo com o Yahoo UK, semanas após ser eleito, Biden recebeu uma ligação que resultaria numa mudança radical em sua vida. No momento ele estava em Washington DC, entrevistando pessoas para participar de seu novo gabinete, no entanto, seus planos mudaram rapidamente após o telefonema.
Neilia e Naomi - de somente 13 meses - haviam sido vítimas de um acidente de carro que acabou por tirar suas vidas. Seus outros dois filhos, Hunter e Beau, que na época tinham quatro e três anos, estavam envolvidos no triste episódio, mas escaparam vivos, apesar do estado crítico.
Em 2015, em um discurso em Yale, Biden relembrou o momento em que recebeu a notícia mais difícil de sua vida: “Seis semanas após minha eleição, todo o meu mundo foi alterado para sempre”, contou ele. “Enquanto estava em Washington contratando, recebi um telefonema. Minha esposa e três filhos estavam fazendo compras de Natal, um reboque de trator os atingiu e matou minha esposa e minha filha. E eles não tinham certeza de que meus filhos viveriam”.
Em 2008, ele também falou sobre a necessidade que tinha de acompanhar a vida de seus filhos após o acidente. A partir desse evento, ele decidiu que passaria a se deslocar diariamente de Washington a Delaware, para passar um tempo com seus filhos. Além disso, a tomada de posse no Senado daquele ano aconteceu ao lado da cama de seus filhos, dentro do hospital.
“Comecei a me locomover pensando que só ficaria um pouco - quatro horas por dia, todos os dias - de Washington a Wilmington, o que tenho feito há mais de 37 anos.... Fiz isso porque queria poder dar um beijo de boa noite neles e na manhã seguinte ... Mas, olhando para trás, verdade seja dita, a razão de eu voltar para casa todas as noites era que eu precisava mais dos meus filhos do que eles precisavam de mim", declarou Biden, que afirma que sua atitude perante à família foi como uma espécie de "redenção".
Em 2015, Beau, um de seus filhos sobreviventes do acidente de carro, também acabou falecendo, devido à um tumor no cérebro. Em seu livro “Promise Me, Dad”, lançado em 2017, Biden revelou que “a dor... parecia insuportável no início e levei muito tempo para sarar, mas sobrevivi à provação de punição. Com muito apoio, consegui sobreviver e reconstruir a minha vida e a minha família".