Sítio arqueológico revelado por drones e tecnologia LIDAR pode ser a antiga capital do Reino de Lyncestis, lar ancestral da dinastia macedônica
Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Giovanna Gomes Publicado em 11/04/2025, às 16h01 - Atualizado em 14/04/2025, às 17h51
Arqueólogos na Macedônia do Norte podem ter feito uma descoberta histórica de grande valor: os vestígios da antiga cidade de Lyncus, capital do pouco conhecido Reino de Lyncestis. Se confirmada, a descoberta poderá indicar o local de nascimento de Eurídice I da Macedônia, avó por parte de pai de Alexandre, o Grande.
O sítio, localizado próximo à vila de Crnobuki, já era conhecido desde 1966, mas até pouco tempo se acreditava tratar-se apenas de um antigo posto militar. A reviravolta veio em 2023, quando pesquisadores da Cal Poly Humboldt, nos Estados Unidos, utilizaram a tecnologia LIDAR (detecção por luz e alcance) com drones aéreos, revelando a verdadeira dimensão e complexidade do local escondido sob a vegetação.
As imagens captadas mostraram que a cidade possuía uma acrópole de pelo menos 2,8 hectares, além de estruturas como uma possível oficina têxtil e até um teatro antigo. Entre os artefatos encontrados, estão moedas, peças de cerâmica, jogos, ferramentas e um bilhete de teatro feito em argila — pistas preciosas sobre a vida cotidiana no local há mais de dois mil anos.
Um dos achados mais reveladores é uma moeda cunhada entre 325 e 323 a.C., o que indica que a cidade estava ativa durante a vida de Alexandre, o Grande (356–323 a.C.). Isso contraria teorias anteriores, que estimavam a construção da cidade apenas no reinado posterior de Filipe V (221–179 a.C.).
Além disso, segundo o 'Live Science', fragmentos de cerâmica e ferramentas apontam para uma ocupação ainda mais antiga — desde a Idade do Bronze, entre 3300 e 1200 a.C.
Para os estudiosos, a possibilidade de que o local seja Lyncus, berço da avó de Alexandre, traz uma nova dimensão à compreensão da dinastia argeada, que mudou o curso da história com a expansão do Império Macedônio.
Engin Nasuh, curador do Instituto Nacional da Macedônia e do Museu de Bitola, ressaltou ao Live Science a importância do achado: "A Macedônia antiga foi uma civilização que desempenhou um papel fundamental na compreensão atual do mundo e no desejo de conectar diferentes civilizações e culturas".