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Notícias / Alexandre, o Grande

A descoberta impressionante feita no famoso mosaico de Alexandre, o Grande

Trabalhos de restauração continuam, e equipe de especialistas acredita que novas descobertas ainda serão feitas nos próximos meses

Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 17/01/2025, às 20h00

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Mosaico de Alexandre - Wikimedia Commons
Mosaico de Alexandre - Wikimedia Commons

Durante o processo de restauração do monumental Mosaico de Alexandre, uma das obras mais icônicas da Roma Antiga, os pesquisadores descobriram que seus 1,9 milhões de tesselas (pequenas pedras utilizadas na composição) têm origens diversas, incluindo locais fora do território dominado pelo Império da Macedônia.

As conclusões, que também trazem novos detalhes sobre o restauro inicial da obra no século XIX, foram publicadas na última quarta-feira, 15, na revista PLOS One.

O mosaico, atualmente exposto no Museu Arqueológico Nacional de Nápoles (MANN), na Itália, mede 5,83 metros de comprimento por 3,25 metros de altura e retrata a histórica Batalha de Issus, na qual Alexandre, o Grande, derrotou o exército persa de Dario III.

Descoberto em 1831 em Pompeia, soterrado pela herança do Monte Vesúvio em 79 d.C, o mosaico foi encontrado na Casa do Fauno, uma das residências mais importantes da região.

Registro dos testes realizados - G. Balassone et al.

A peça é reconhecida por sua técnica opus vermiculatum, que emprega tesselas coloridas para criar figuras altamente desenvolvidas. Acredita-se que o mosaico seja uma reprodução de uma pintura helenística perdida, atribuída ao artista Filoxeno de Erétria, datada de aproximadamente 315 a.C.

Projeto de restauração 

Iniciado em 2020, o projeto de restauração utiliza métodos avançados e não destrutivos, como microscopia de vídeo digital, espectroscopia Raman, termografia infravermelha e análise de fluorescência de raios-x.

Essas ferramentas permitiram mapear a composição química e mineralógica das tesselas, identificar materiais de conservação antigos e avaliar a condição estrutural da obra.

Tipos de tesselas usadas - Diferentes tipos e cores de tesselas encontradas no mosaico — Foto: G. Balassone et al.

Os pesquisadores identificaram dez núcleos distintos nas tesselas, criadas a partir de materiais como carbonatos, silicatos e vidro colorido. Entre elas estão tons de branco, marrom, vermelho, amarelo, rosa, verde, cinza, azul, preto e vítreo.

As microtexturas variadas desses materiais foram cuidadosamente combinadas pelas artes da época, com atenção especial ao rosto de Alexandre, onde foram usados ​​diferentes tons de rosa e efeitos de luminescência.

Rastros do passado 

A equipe também encontrou vestígios de restaurações feitas no século XIX, como gesso e ceras naturais aplicadas para consolidar o mosaico. No entanto, esses materiais foram desenvolvidos para a flexibilidade da obra ao longo do tempo, devido à umidade e reações químicas.

Além disso, a termografia infravermelha revelou anomalias térmicas, indicando áreas estruturalmente vulneráveis.

Durante a análise, descobriu-se que os materiais de proteção aumentados quando o mosaico foi transferido para o museu também precisam ser removidos ou estabilizados para preservar a obra.

Origens das tesselas

Uma das revelações mais fascinantes foi a origem global das tesselas. Análises arqueométricas correlacionaram as pedras a pedreiras usadas na época romana. Por exemplo:

Tesselas brancas: Calcário cristalino ( Marmor Lunensis ) das pedreiras dos Alpes Apuanos, na Itália.

Tesselas rosa: Mineradas em Portugal.

Blocos amarelos: Vindos de Simitthus, na atual Tunísia.

Pedras vermelhas-escuras: Extraídas do Cabo Matapan, na Grécia.

Tesselas verdes e pretas: Derivadas de serpentinitos e basaltos locais.

Os trabalhos de restauração continuam, e a equipe acredita que novas descobertas ainda serão feitas nos próximos meses, ampliando o conhecimento sobre a produção e a história dessa obra-prima da antiguidade.