A costa da Califórnia, nos Estados Unidos, tem registrado ataques incomuns de leões-marinhos contra banhistas e surfistas; entenda a causa!
A costa da Califórnia tem registrado ataques incomuns de leões-marinhos contra banhistas e surfistas. Um dos casos mais recentes envolveu o surfista RJ LaMendola, mordido e derrubado da prancha ao norte de Los Angeles. Em uma publicação no Facebook, ele descreveu o animal como “selvagem” e “quase demoníaco”.
“Não sei descrever o medo que me dominou naquele momento, encarando o rosto de uma criatura que parecia diferente de qualquer coisa que eu já tinha visto — sua expressão era selvagem, quase demoníaca, sem a curiosidade ou brincadeira que sempre associei aos leões-marinhos”, afirmou.
Outro episódio, em Long Beach, envolveu uma adolescente de 15 anos. Ela foi atacada durante um teste de natação para salva-vidas. À mídia local, ela relatou que estava "assustada", "chocada", e disse ter sentido “uma dor imensa nos braços”.
Segundo o National Geographic, a causa dos ataques está diretamente ligada à proliferação de algas tóxicas na região. Esses microrganismos, do tipo Pseudo-nitzschia, produzem uma potente neurotoxina chamada ácido domóico, que afeta o sistema nervoso dos animais marinhos.
Os leões-marinhos ingerem a toxina ao se alimentarem de peixes contaminados, como anchovas e sardinhas, que filtram a água e acumulam a substância em seus organismos. Em altas doses, o ácido domóico pode causar convulsões, desorientação e danos cerebrais irreversíveis neles.
A alteração no funcionamento do cérebro faz com que os animais reajam de maneira imprevisível, podendo se tornar agressivos e atacar banhistas e surfistas sem motivo aparente.
Esses animais estão reagindo ao fato de estarem doentes. Eles estão desorientados, e a maioria provavelmente está tendo convulsões, então seus sentidos não estão funcionando normalmente e eles reagem com medo”, disse John Warner, diretor-executivo da Marine Mammal Care Center, à BBC.
Além disso, segundo o National Geographic, as florações dessas algas ocorrem naturalmente, mas fatores ambientais vêm agravando a situação. O aquecimento dos oceanos, o escoamento de fertilizantes agrícolas para o mar e a ressurgência de águas profundas ricas em nutrientes criam condições ideais para a multiplicação desses organismos microscópicos.
Com a recorrência do problema pelo quarto ano consecutivo, especialistas temem que a situação se agrave nos próximos anos, tornando os surtos de intoxicação cada vez mais frequentes e aumentando os riscos para a fauna marinha e para os próprios banhistas.