Vestígios encontrados no sítio arqueológico de Gradishte apontam que cidade é muito mais antiga do que se acreditava inicialmente
Uma equipe de arqueólogos encontrou evidências surpreendentes que podem reescrever parte da história da Macedônia do Norte. Trabalhando em conjunto há anos, pesquisadores do Instituto e Museu da Macedônia – Bitola e da Cal Poly Humboldt identificaram indícios de que a cidade antiga localizada perto da vila de Crnobuki, no sítio arqueológico de Gradishte, é muito mais antiga do que se acreditava inicialmente.
As primeiras escavações no local aconteceram há 15 anos. Acreditava-se que a acrópole datava de 221 a 179 a.C., durante o reinado do rei Filipe, e que as estruturas remanescentes correspondiam a um posto militar avançado usado para conter investidas romanas. No entanto, essa cronologia foi revista após a descoberta de uma moeda cunhada entre 325 e 323 a.C., período em que Alexandre, o Grande, ainda vivia.
Com as recentes descobertas — incluindo machados de pedra e fragmentos de cerâmica —, os arqueólogos agora defendem que o local começou a ser habitado já na Idade do Bronze, entre 3.300 e 1.200 a.C. Segundo a Cal Poly Humboldt, trata-se de uma prova concreta da existência de uma cidade próspera anterior à dominação romana.
De acordo com o portal Eureka Times - Standard, Nick Angeloff, professor de antropologia e arqueólogo da universidade, classificou a descoberta como única na vida:
“Essa descoberta é significativa”, afirmou Angeloffem nota. “Ela destaca as redes complexas e as estruturas de poder da Macedônia antiga, especialmente considerando a localização da cidade ao longo de rotas comerciais para Constantinopla. É até possível que figuras históricas como Otaviano e Agripa tenham passado pela região a caminho do confronto com Cleópatra e Marco Antônio na Batalha de Ácio.”
Entre os artefatos desenterrados estão moedas, ferramentas têxteis, peças de cerâmica, jogos antigos, um bilhete de teatro moldado em argila e objetos datados entre 360 a.C. e 670 d.C..
Em 2023, foi constatado que o assentamento ocupava ao menos 7 acres (cerca de 2,8 hectares), e a descoberta foi facilitada pelo uso de radar de penetração no solo e da tecnologia LIDAR lançada por drones. O projeto recebeu apoio financeiro da universidade e contou com a participação presencial dos pesquisadores na Macedônia do Norte durante o verão de 2024.
Engin Nasuh, arqueólogo do Instituto Nacional e Museu – Bitola, afirmou que o trabalho representa uma nova janela para a história da civilização macedônia antes da era de Alexandre:
“Estamos apenas começando a arranhar a superfície do que podemos aprender sobre esse período”, declarou. Ele contou que o sítio foi mencionado pela primeira vez na literatura em 1966, mas permaneceu um mistério por décadas.
Para Nasuh, as descobertas aprofundam a compreensão da civilização ocidental antiga e representam uma peça importante no mosaico das primeiras civilizações europeias, já que o antigo estado macedônio é considerado um dos primeiros estados modernos do continente.
Angeloff ainda sugeriu que o local possa ser a capital perdida do Reino de Lyncestis, chamada Lyncus, fundada no século VII a.C., e talvez até o local de nascimento da rainha Eurídice I, avó de Alexandre, o Grande. Entre as estruturas mais notáveis encontradas, destacam-se um teatro em estilo macedônio e uma oficina têxtil.