O animal teria vivido na Terra há 310 milhões de anos, e pertencia a espécie nunca antes estudada; confira!
Éric Moreira, sob supervisão de Giovanna Gomes Publicado em 31/07/2023, às 10h18 - Atualizado às 10h24
Pesquisador de geociências da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, Tim Wolterbeek foi responsável por realizar um achado surpreendente nos arredores da cidade alemã de Osnabrück: um fóssil de aranha. Porém, a razão para a descoberta ser tão especial, é o fato de que o animal, datado de cerca de 310 milhões de anos atrás, se tornou o registro mais antigo de uma aranha na Alemanha, além de pertencer a uma espécie nunca antes descrita.
Após algumas análises, o pesquisador optou por deixar o objeto de estudo com alguém mais especializado em aracnídeos: Jason Dunlop, do Instituto Leibniz para a Evolução e Ciência da Biodiversidade, na Alemanha. E, em artigo publicado em 16 de julho na PalZ, o estudioso classificou-o como pertencente à ordem Araneae, o que o separava de grupos anteriores de aracnídeos.
"Característico do gênero, o novo fóssil revela um opistossoma dorsal tuberculado posteriormente e pernas relativamente alongadas e cerdas, sendo que a primeira perna é mais longa que a segunda e a terceira. As fieiras [órgãos produtor de seda] também são preservadas, confirmando seu status como uma aranha genuína", descreve Dunlop no artigo.
Quando foi concluído por definitivo que a espécie descoberta por Tim Wolterbeek ainda não havia sido descrita pela ciência, Dunlop decidiu por batizá-la homenageando aquele que a encontrou originalmente: Arthrolycosa wolterbeeki.
Conforme descrito pela Revista Galileu, 12 espécies de aranhas do período Paleozoico são conhecidas atualmente, um número muito menor que o registrado com outros aracnídeos. E no próprio estudo, Dunlop propõe que a razão para o conhecimento de poucas espécies semelhantes se deva a possibilidade de esses animais serem mais "caseiros".
Se as aranhas carboníferas tivessem um estilo de vida semelhante, de 'sentar e esperar' em uma toca ou algum tipo semelhante de refúgio, isso poderia explicar por que elas raramente entravam em contato com corpos de água necessários para sua preservação como fósseis", explica o especialista no estudo.
Por fim, Wolterbeek ainda comentou no fórum online The Fossil Forum que o fóssil da aranha agora é um holótipo — em outras palavras, um "exemplar único" — e explicou que ele foi doado ao Museum für Naturkunde, voltado à história natural, localizado em Berlim.