Em uma nova pesquisa utilizando identificação de substâncias, o mistério sobre a surdez do músico poderá finalmente ser solucionado; saiba mais!
Publicado em 07/05/2024, às 09h05
Após dois séculos, a identificação de substâncias nocivas nos fios de cabelo do renomado compositor alemão Ludwig van Beethoven pode finalmente esclarecer o enigma por trás de sua surdez.
Esse estudo teve início há alguns anos, quando pesquisadores perceberam que os avanços na análise do DNA justificavam uma investigação dos cabelos que supostamente haviam sido cortados da cabeça de Beethoven por admiradores angustiados pouco antes de sua morte.
William Meredith, o fundador do Ira F. Brilliant Center for Beethoven Studies da San Jose State University, iniciou uma busca por esses fios em leilões e museus. Após uma busca exaustiva, ele e sua equipe encontraram cinco amostras, as quais foram confirmadas por análises de DNA como pertencentes ao compositor.
Kevin Brown, um entusiasta australiano de Beethoven, possuía três dessas amostras e desejava honrar o pedido feito pelo compositor em 1802, solicitando que, quando morresse, médicos investigassem as causas de sua doença.Brown enviou duas dessas amostras para um laboratório especializado na Clínica Mayo, onde possuíam os recursos necessários para testar a presença de metais pesados.
O resultado, conforme relatado por Paul Jannetto, diretor do laboratório, foi surpreendente. Uma das amostras continha 258 microgramas de chumbo por grama de cabelo, enquanto a outra continha 380 microgramas. Comparativamente, o nível normal de chumbo no cabelo é inferior a 4 microgramas por grama.
"Isso definitivamente mostra que Beethoven foi exposto a altas concentrações de chumbo", disse Jannetto. Essas descobertas, juntamente com outras conclusões, foram publicadas em uma carta na revista Clinical Chemistry na última segunda, 6.
Jannetto afirmou que esses valores indicam uma exposição significativa de Beethoven ao chumbo, sendo os mais elevados que já encontraram em amostras de cabelo.
Além disso, as análises revelaram que os níveis de arsênico nas amostras eram 13 vezes maiores do que o normal, e os níveis de mercúrio quatro vezes superiores ao normal.
As grandes quantidades de chumbo, em particular, poderiam ter causado muitas das suas doenças", analisou Jannetto.
Esta pesquisa atualiza um relatório anterior, no qual a equipe afirmava que Beethoven não havia sido envenenado por chumbo. No entanto, agora, com testes mais detalhados, concluem que ele tinha concentrações suficientes desse metal em seu corpo para, no mínimo, explicar sua surdez e outras doenças.
David Eaton, um toxicologista da Universidade de Washington, comentou na carta que os problemas gastrointestinais de Beethoven são consistentes com envenenamento por chumbo e que doses elevadas desse metal podem ter afetado seu sistema nervoso, contribuindo para sua surdez.
Uma das prováveis fontes do alto teor de chumbo em Beethoven pode ter sido o consumo de vinho barato. Naquela época, era comum adicionar acetato de chumbo, conhecido como "açúcar de chumbo", aos vinhos de má qualidade para melhorar o sabor, de acordo com o portal O Globo.
O compositor "consumia grandes quantidades de vinho, cerca de uma garrafa por dia, e mais tarde em sua vida ainda mais, acreditando que era bom para sua saúde, e também", explicou Meredith.
Ele destacou que Beethoven consumia grandes quantidades de vinho diariamente, acreditando que isso fosse benéfico para sua saúde, e que, nos últimos dias antes de sua morte em 1827, seus amigos lhe administravam vinho em colheradas. Para saber mais detalhes da vida do artista, confira a entrevista com a autora de ‘Beethoven: Ode à Alegria’, a professora Eloiza Limeira: