Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Notícias / Último Tango em Paris

52 anos depois, o 'Último Tango em Paris' causa polêmica na França

Na França, um cinema teve que cancelar a exibição do filme após manifestações de grupos em prol dos direitos das mulheres

Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 16/12/2024, às 20h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Cena de 'O Último Tango em Paris' - Divulgação
Cena de 'O Último Tango em Paris' - Divulgação

Um cinema francês cancelou a exibição de O Último Tango em Paris após protestos de grupos feministas contra a polêmica cena de estupro presente no filme, realizada sem o consentimento da atriz principal, Maria Schneider.

A Cinémathèque Française, em Paris, tomou a decisão após receber ameaças, segundo anunciou seu diretor, Frédéric Bonnaud.

“Somos um cinema, não uma fortaleza. Não podemos correr riscos com a segurança de nossa equipe e do público”, afirmou Bonnaud, que explicou que manifestantes violentos haviam começado a fazer ameaças, repercute o The Guardian.

"O Último Tango em Paris", dirigido por Bernardo Bertolucci em 1972, estava programado para ser exibido no último domingo como parte de uma retrospectiva de Marlon Brando. O filme explora o relacionamento entre um americano viúvo em Paris, interpretado por Brando, e uma mulher muito mais jovem, vivida por Schneider.

Polêmica

A cena polêmica de estupro foi simulada, mas Schneider, que tinha apenas 19 anos na época, revelou posteriormente que se sentiu violada, pois, não foi avisada ou preparada para a gravação. Apesar de suas alegações terem surgido na década de 1970, elas foram amplamente ignoradas por anos.

“Eu me senti um pouco estuprada, tanto por Marlon quanto por Bertolucci”, afirmou Schneider em uma entrevista quatro anos antes de sua morte, em 2011. Ela também declarou que o filme destruiu sua vida, levando-a a anos de abuso de drogas.

Por sua vez, Bertolucci admitiu que decidiu não informar Schneider previamente sobre a cena para capturar uma reação mais autêntica. “Sinto-me culpado, mas não me arrependo”, declarou o diretor em entrevistas posteriores.

Protestos

Judith Godrèche, atriz e figura proeminente do movimento #MeToo na França, criticou duramente a decisão inicial da Cinémathèque de exibir o filme sem contextualizar os eventos para os espectadores. “É hora de acordar, querida Cinémathèque, e devolver a humanidade a uma atriz de 19 anos”, escreveu Godrèche em seu Instagram.

A exibição cancelada também gerou controvérsias por seu momento, coincidindo com o julgamento de Christophe Ruggia, acusado de aliciar e abusar sexualmente de Adèle Haenel durante as filmagens de Les Diables (Os Diabos), em 2002, quando ela tinha 12 anos.

Além disso, a semana também marcou o desfecho do julgamento de estupro em massa na cidade de Mazan, envolvendo Dominique Pelicot, de 72 anos, acusado de drogar sua esposa, Gisèle, e permitir que dezenas de homens a abusassem sexualmente durante mais de uma década.

Pelicot, que admitiu o abuso, enfrentou julgamento com outros 50 homens. Em sua declaração final ao tribunal, disse: “Desejo saudar a coragem de minha ex-esposa, que teve que ouvir as suspeitas de cumplicidade. Lamento profundamente o que fiz”.