Museus, igrejas, monumentos históricos e belas paisagens completam o roteiro turístico pela região da Itália
Região considerada entre as mais incríveis da Itália – ou do mundo –, reúne, em uma porção territorial de 23 mil quilômetros quadrados, centenas de charmosos vilarejos, vinhedos e vinhos deliciosos, encostas douradas por campos de girassóis e muitas igrejas e museus. Situada na região central do país, a Toscana é formada pela capital Florença, Siena, Pisa e cidadezinhas encantadoras, além de um arquipélago onde se destaca a Ilha de Elba.
Há muito o que ver e curtir. Portanto, não desperdice a viagem se tiver pouco tempo. A chance de voltar frustrado é gigante. O melhor a fazer é estabelecer prioridades e deixar outros pontos para uma outra vez. Entenda que visitar a Toscana exige tempo e muita tranquilidade para aproveitar cada descoberta. Parar para contemplar o visual e fazer refeições sem tempo estabelecido são primordiais. Comer e beber estão entre os momentos mais importantes da viagem ao destino. Então, não tenha pressa.
Quanto mais tempo tiver para dedicar aos recantos toscanos, muito melhor será. Mas não menos de uma semana. E, para não perder tempo nas estradas e ter que ficar trocando muito de hotéis, o ideal é estabelecer algumas bases estratégicas. Evite também as autopistas, que, embora sejam mais rápidas, não oferecem o cenário das bucólicas estradinhas secundárias. Afinal, a contemplação também faz parte da magia da Toscana.
Comece o seu roteiro por Florença, cidade considerada o centro do humanismo europeu, que guarda belíssimos monumentos renascentistas e um riquíssimo patrimônio histórico-artístico reconhecido mundialmente. Tanto que foi uma das primeiras a ser incluídas na lista de Patrimônios Mundiais da Unesco. Portanto, reserve ao menos três dias à capital toscana.
Berço de artistas e intelectuais do século 13 até os dias atuais, o destino, que foi capital da Itália durante alguns anos, tem história marcada pela presença de grandes nomes das artes e da literatura. Entre os mais renomados, estão Francesco Petrarca (poeta), Giovanni Boccaccio (poeta), Filippo Brunelleschi (arquiteto e escultor), Michelangelo (pintor, escultor, poeta e arquiteto), Giorgio Vasari (pintor e arquiteto), Cimabue (pintor), Giotto (pintor e arquiteto), Leonardo Da Vinci (polímata), Lorenzo de Médici (estadista), Nicolau Maquiavel (historiador, poeta, diplomata e músico) e muitos outros.
Porém, nenhum deles teve a vida tão intrinsecamente ligada à cidade como o poeta Dante Alighieri, que nasceu em Florença em 1265. Considerado um dos mais importantes escritores da literatura universal, foi ele quem definiu e estruturou o idioma italiano moderno. Sua obra mais emblemática é “A Divina Comédia”, uma viagem literária escrita no século 14, na qual descreve a trajetória da sua alma pelo inferno e purgatório até o paraíso.
Prefira caminhar pela cidade. Os principais atrativos turísticos podem ser acessados a pé. E não é preciso andar muito para encontrá-los. Na região central, praças, monumentos, igrejas e museus estão em meio a lojas de grifes famosas, cafés e restaurantes imperdíveis. Impossível não imaginar como era a vida da sociedade local há oito séculos.
Não deixe de subir até o Duomo, no complexo que inclui a Catedral de Santa Maria del Fiore, construção que data do século 13; o Batistério de São João, que tem mosaicos dourados em estilo bizantino em edifício com formas octogonais; o Museu dell’Opera, que abriga uma das quatro Pietà de Michelangelo; o Campanário de Giotto; e a cúpula de Brunelleschi. A fachada da igreja chama a atenção pelas formas renascentistas da porta de bronze e pelo incrível trabalho em mármore branco de Carrara e verde de Prato.
Perto dali está a Piazza della Signoria, com a estátua majestosa do David de Michelangelo. Embora seja uma cópia da obra original, que está no museu da Accademia, em Veneza, ela domina as atenções. A esplêndida escultura está voltada para a Loggia della Signoria – também chamada Loggia dei Lanzi -, uma verdadeira galeria de arte ao ar livre. Ao lado da praça, o destaque é o Palazzo Vecchio, um dos palácios públicos medievais mais importantes da Itália.
Reserve algum tempo para conhecer a Galleria degli Uffizi (Galeria dos Ofícios), o museu de arte mais importante de Florença e o mais antigo da Europa moderna. Construído em 1560 por Vasari e, por muito tempo, serviu aos Médici – poderoso clã que dominou a cidade –, até que, em 1769, foi aberto à visitação pública. Seu acervo reúne grande quantidade de obras de arte, divididas em salas dedicadas a diferentes períodos artísticos.
O roteiro das artes passa também pela Galleria Palatina, no monumental edifício do Palazzo Pitti, com obras de Giorgione, Raffaello e Tintoretto; e pelo Museu Nacional de Bargello – instalado no Palazzo del Bargello, um dos mais antigos edifícios públicos da cidade -, que guarda o famoso David di Donatello e o busto de Brutus de Michelangelo.
Importantes obras de arte também estão no interior de templos religiosos como a igreja de Santa Maria Novella, que guarda o maravilhoso afresco produzido por Masaccio e o famoso quadro do crucifixo sobre a mesa, de Giotto – que revolucionou a pintura ao introduzir a representação perspectiva; e nas capelas de Peruzzi e Bardi, na Basílica de Santa Croce, que conserva afrescos e obra de importantes artistas de várias épocas, além de túmulos de personalidades relevantes da história da cidade.
Uma outra igrejinha, construída em 1032, também é muito procurada pelos visitantes. É a de Santa Margherita, onde Dante Alighieri conheceu a sua amada Beatriz. Sobre o túmulo dela, há uma cesta de palha onde, diariamente, são deixadas cartas de amor e com pedidos.
Em um passeio pelo Rio Arno, que atravessa a cidade, você irá passar pela Ponte Vecchio, onde estão lojas históricas de ourives. Também passará pelo corredor desenhado por Vasari, que ligava os edifícios na margem direita com o Palácio Pitti, na outra margem, e que era utilizado pelos Médici.
Se quiser algo mais romântico, escolha um passeio de barco conduzido por um “Renaioli” – os antigos transportadores de mercadorias em pequenos barcos que lembram as gôndolas de Veneza. Ao pôr do sol, fica ainda mais interessante.
O tour deve incluir ainda a Piazzale Michelangelo, que proporciona a melhor vista da cidade; a Piazza della Repubblica, que mescla lojas sofisticadas e palácios suntuosos; e o Nuovo Mercato, com sua fonte do Porcellino (um javali de bronze), onde, por tradição, moedas são jogadas com pedidos e desejos. Se tiver tempo, aproveite para conhecer e relaxar nos belos jardins do destino. Entre eles, o Boboli com fontes e estátuas; o Giardino Bardini, que tem uma ótima vista da cidade; e o Giardino delle Rose, com fontes, estátuas de Folon e rosas do mundo inteiro.
Cercada por belos vinhedos da rota dos vinhos Chianti, Siena possui muitos monumentos dos tempos medievais e ruelas que mais parecem um labirinto. É culturalmente rica e sua arquitetura é reconhecida pela estética marcante.
Foi rival de Florença do século 13 a 15, quando disputava o poder político da região. Tanto que um dos seus ícones, a torre medieval do Palazzo Comunale – a Prefeitura Municipal, construída em 1342, em estilo gótico e ornada por lindos afrescos – tem mais de cem metros de altura, 12 a mais que a do Palazzo Vecchio, na capital toscana.
O Palazzo Comunale está na Piazza del Campo, o principal ponto de encontro de moradores e visitantes. Ela é uma das maiores e mais preservadas praças medievais do continente. Um dos seus atrativos é a famosa Fonte Gaia, cuja água vem de um antigo aqueduto construído há mais de 500 anos. Com o formato de um leque, está cercada por dezenas de bares e restaurantes charmosos.
No centro histórico amuralhado, uma parada obrigatória é no Duomo de Siena, considerado também um Patrimônio Mundial pela Unesco. A catedral foi construída em estilo gótico-românico entre 1136 e 1182 e guarda obras-primas de valores inestimáveis. Na Piazza del Duomo, também está o Museo dell’Opera.
A praça principal da cidade é a monumental Il Campo, que data do século 13, e é onde até hoje são realizadas corridas de cavalos (Il Palio) mundialmente famosas. As disputas ocorrem sempre nos meses de julho e agosto e costumam atrair milhares de turistas. Outra atração que merece uma visita é o santuário e a casa de Santa Catarina, padroeira de Siena. Em suas capelas e claustros, estão pinturas e esculturas que retratam a vida da Santa que foi canonizada em 1461.
Conhecida mundialmente por causa da sua famosa torre inclinada, a cidade de Pisa tem muito mais a oferecer. Infelizmente, a grande maioria dos turistas não fica mais que um dia no destino.
A torre inclinada está na monumental Piazza dei Miracoli (Praça dos Milagres), complexo arquitetônico reconhecido como Patrimônio Mundial da Unesco, que abriga a Catedral de Santa Maria Assunta (Duomo), o Batistério (dedicado a São João Batista) e o Camposanto Monumentale (Cemitério Monumental).
A construção da torre teve início no século 12 e foi projetada para ser um campanário para os sinos da catedral. A inclinação – hoje com 4 graus – teve início ainda durante as obras. Ela tem 55,8 metros de altura em oito andares, e a instabilidade do solo fez surgir um dos principais pontos turísticos do planeta. Do alto dela, a vista é privilegiada e mostra todo o encanto do destino.
Depois da torre, o Batistério com 55 metros de altura é o monumento mais famoso da cidade. Ele mistura arquitetura românica e gótica e graças à sua forma, possui acústica extraordinária. A cada 30 minutos um funcionário canta algumas notas para demonstrar a qualidade do som. O ingresso para visitar o Batistério também dá direito a conhecer o Museu da Catedral (Museo dell’Opera del Duomo). No Cemitério Monumental estão sepultados personagens ilustres de Pisa e, no seu interior, estão obras de arte etruscas, romanas e medievais.
Turistas com mais tempo terão muito o que fazer e conhecer outros atrativos. Um passeio de barco ao longo do Rio Arno é oportunidade para observar outros ângulos do destino. Ou que tal escolher entre os diversos museus e as igrejas os que mais agradam? Entre eles, o Museo delle Sinopie, que guarda uma coleção de obras de arte retirada do Camposanto após o bombardeio de 1945; o Museu Arqueológico, com antigas embarcações; e as igrejas de San Francesco (1276), de San Nicola (1097) e de Santa Maria della Spina (1230).
Três palácios também estão no roteiro de visitas: o Palazzo della Carovana, localizado na Piazza dei Cavalieri, é sede da prestigiosa Scuola Normale Superiore di Pisa, criada por Napoleão Bonaparte; o Palazzo dei Médici – o clã dos Médici governou Pisa entre 1392 e 1398; e o Palazzo Reale, construção de 1559, mostra representações de Galileo Galilei e os planetas descobertos por ele.
E não deixe de fazer uma caminhada por uma das regiões mais famosas da cidade, a Borgo Stretto, uma rua estreita com muitas lojas de marcas renomadas que está bem atrás das arcadas medievais do Rio Arno.
Como dá para notar, o Arno está presente no dia a dia de Pisa. E se você programou uma viagem à Toscana no mês de junho, inclua no roteiro a visita com pernoite na cidade no dia 16. Nessa data, anualmente, acontece a celebração Luminara de São Ranieri, o santo padroeiro local.
À noite, todas as luzes nos prédios que margeiam o rio são apagadas e substituídas por mais de 120 mil velas colocadas nas janelas. O espetáculo é magnífico com as chamas refletindo nas águas. No dia seguinte, a festa continua com a realização de uma regata. A tradição remonta desde 1688, quando uma urna com o corpo de Ranieri degli Scaccierie (morto em 1161) foi colocada na capela do Duomo, dando início à celebração.
Para fechar com chave de ouro, programe assistir a um pôr do sol em Lungarno Pisano. Quando a noite chega, a luz das lâmpadas de rua nas margens do Arno reflete na água, criando uma atmosfera mágica. É inesquecível!
Por Tino Simões – revista Qual Viagem