O nome do local foi dado em referência ao DOPS, órgão utilizado durante a ditadura militar no Brasil
Em 2021, a retirada de uma placa em frente a uma propriedade na cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, causou dor de cabeça para autoridades locais. A placa em questão sinalizava que a construção havia abrigado, décadas atrás, o Dopinho — nome dado em referência ao Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) —, antigo centro de tortura utilizado durante a ditadura militar.
No entanto, apesar dos problemas, eventualmente a placa foi recolocada no local, enfatizando que já foi o antigo prédio da Rua Santo Antônio, no bairro Bom Fim, na capital gaúcha, como informado pelo g1. Confira:
Primeiro centro clandestino de detenção do Cone Sul. No numero 600 da rua Santo Antônio, funcionou estrutura paramilitar para sequestro, interrogatório, tortura e extermínio de pessoas ordenados pelo regime militar de 1964. O major Luiz Carlos Menna Barreto comandou o terror praticado por 28 militares, policiais, agentes do Dops e civis, até que apareceu no Guaíba o corpo com as mãos amarradas de Manoel Raimundo Soares, que suportou 152 dias de tortura, inclusive no casarão. Em 1966, com paredes manchadas de sangue, o Dopinho foi desativado e os crimes ali cometidos ficaram impunes."
O Dopinho foi "o primeiro centro clandestino na América do Sul, onde vários tipos de tortura aconteceram", como dito pela professora de História da PUC-RS, Tatyana Maia, que teve sua fala repercutida pelo G1 em 2021. Em seguida, viria a criação de outros pontos de tortura militar pelo Brasil e América do Sul, durante governos de repressão.
O centro foi inaugurado logo após o golpe realizado por militares em abril de 1964, mas fechado dois anos depois, em setembro de 1966, após a descoberta do assassinato do sargento Manoel Raimundo Soares. O evento em questão, na época, ficou conhecido como 'caso das mãos amarradas', e provocou grande impacto.
Ele se opôs à ditadura. Fazia parte de um grupo que veio a Porto Alegre para iniciar um movimento da resistência. Foi preso em 1966 e, em agosto, desaparece. O corpo aparece boiando no Rio Jacuí", conta Jair Krischke, presidente do Movimento por Justiça e Direitos Humanos, em entrevista ao g1 realizada em 2020.
Com a morte de Soares, um inquérito de investigação foi aberto na época pelo governo do estado do Rio Grande do Sul para apurar o caso, junto a uma comissão para investigação.
Por fim, nas buscas em que o Dopinho foi descoberto, também chegou a informação de que majores, delegados de polícia e pessoas que se infiltraram no movimento estudantil agiam de maneira favorável à ditadura militar.
O Dopinho foi fechado em setembro de 1966, após a descoberta do assassinato do sargento Manoel Raimundo Soares, que ficou conhecido como 'caso das mãos amarradas'", diz Krischke em entrevista ao g1.
Apesar de seu fechamento relativamente breve, tendo um período de atividade de somente dois anos em uma ditadura militar que se estendeu de 1964 até 1985, o Dopinho foi reflexo de um costume ditatorial e cruel.
Outros centros de tortura militar foram abertos no Brasil no período, e também por outros governos de repressão da América Latina.
A inspiração para o modelo de sistema de tortura, por sua vez, teve origem das táticas de guerra francesas, que utilizavam a tortura para obter informações e, assim, derrotar inimigos.
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