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Coronavírus / Pandemia

O negacionismo de um ditador que ameaça uma nação: como a Bielorrússia combate o Covid-19?

Integrante da “Aliança do Avestruz”, Alexander Lukashenko sugere que beber vodca e usar sauna duas vezes por semana pode ajudar a combater o novo coronavírus

Fabio Previdelli Publicado em 21/04/2020, às 13h30

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O presidente da Bielorrúsia,  Alexander Lukashenko, durante discurso - Wikimedia Commons
O presidente da Bielorrúsia, Alexander Lukashenko, durante discurso - Wikimedia Commons

“O melhor antiviral [contra o coronavírus] é praticar um esporte no gelo, além de sauna, uma ou duas vezes por semana. Os chineses nos disseram que o vírus morre em temperaturas acima de 60ºC”. A frase anterior já preocuparia se fosse dita por qualquer pessoa em meio à pandemia do novo coronavírus. Porém, ela impressiona muito mais pois foi dita por um presidente europeu.

O autor da pérola é o líder bielorrusso Alexander Lukashenko, que comanda o país desde 1994. O ex-burocrata do Partido Comunista da União Soviética já venceu a oposição nas últimas cinco eleições, mas se mostrou imensamente despreparado quando o adversário é invisível e muito mais letal.

Lukashenko é considerado por muitos como o “último ditador da Europa” e principal integrante da “Aliança do Avestruz” — termo cunhado em referência a crença de que o animal enterra a cabeça na terra quando se sente ameaçado ou está em perigo. Segundo o The Economist, outros políticos que fazem parte do bando são: Jair Bolsonaro, presidente do Brasil; Gurbanguly Berdymukhamedov, ditador do Turcomenistão; e Daniel Ortega, líder da Nicarágua.

Agrônomo de profissão e ex-diretor de um kolkhoz — um tipo de propriedade rural coletiva, típica da antiga União Soviética —, Lukashenko desdenhou da pandemia a qual apelidou de “coronopsicose”. Além do mais, o ditador sugeriu que as pessoas de seu país lavassem as mãos com vodca e que consumissem entre 40 e 50 mililitros do destilado para acabar com o vírus. “Melhor morrer de pé do que viver de joelhos”, disse.

Como se já não bastasse a insanidade dita, Alexander declarou que nenhuma pessoa morreria por Covid-19 sob seu comando: “Declaro isso publicamente”. Entretanto, no mesmo dia em que fez a afirmação, o número de mortos pelo novo coronavírus no país já somavam 29 casos.

Os últimos dados divulgados que se têm notícia são de que a Bielorrússia já constatou mais de 6.200 casos de infecção, com 51 mortes. Em termos de comparação, a Ucrânia — nação vizinha — soma 5.700 registros e possui uma população quatro vezes maior.

À medida que o vírus se espalha, o soberano diz que a nação não pode parar. “Não há razão para pânico. Precisamos trabalhar, principalmente no campo. Os tratores vão curar todo mundo, as plantações vão curar todo mundo”.

Seguindo as sandices do presidente, o comércio por lá segue a todo vapor e até mesmo o campeonato bielorrusso de futebol não teve um hiato. Dentre as divisões de elite da Europa, a liga do país foi a única que ainda não teve uma pausa.

Coronavírus no mundo

Os últimos dados sobre a pandemia mostram que, no mundo todo, mais de 2.5 milhões de pessoas já foram infectadas pelo Covid-19. Dentre eles, 659 mil se recuperaram e 171.810 pessoas morreram.