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Curiosidades / Múmias

Afinal, quais são as múmias mais antigas da História?

Dois mil anos antes que os egípcios começassem a mumificar seus mortos, um outro povo — que vivia na América do Sul — já realizava o procedimento

por Giovanna Gomes
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Publicado em 14/07/2024, às 09h00

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Múmia de jovem com máscara de argila encontrada no deserto do Atacama - Divulgação/Mark Johanson
Múmia de jovem com máscara de argila encontrada no deserto do Atacama - Divulgação/Mark Johanson

Cerca de 2.000 anos antes dos antigos egípcios, o povo Chinchorro, que vivia no atual Chile, já mumificava seus mortos, sendo os primeiros humanos a realizarem o procedimento — e isso em um dos locais mais improváveis da Terra: o deserto do Atacama.

Mas há uma notável diferença entre as práticas egípcias e as dos Chinchorro. Enquanto os egípcios se dedicavam à mumificação de faraós e elites em uma sociedade complexa, os Chinchorro, caçadores-coletores pré-cerâmicos, adotavam uma abordagem mais igualitária ao honrar seus mortos.

Entretanto, apesar da rica herança arqueológica deixada, eles, que se estabeleceram na região por volta de 7.000 a.C. e desenvolveram sua técnica por volta de 5.000 a. C., são pouco conhecidos.

A expectativa é que esse cenário mude. As múmias locais foram consideradas Patrimônio Mundial da UNESCO em 2021

Coleção sagrada

No Vale de Azapa, em meio ao deserto do Atacama, está localizado o Museu Arqueológico de San Miguel de Azapa, que abriga aproximadamente 300 múmias Chinchorro.

"É uma coleção muito sagrada porque a maioria dos itens está relacionada à cerimônia da morte", explicou a curadora e conservacionista Mariela Santos à CNN internacional.

Múmias do povo Chinchorro / Crédito: Divulgação/Mark Johanson

Ao longo de 4.000 anos, os Chinchorro desenvolveram cinco estilos distintos de múmias, sendo mais comuns as "pretas" e "vermelhas".

As múmias pretas eram separadas, tratadas e depois remontadas, enquanto as vermelhas contavam com pequenas incisões para remover órgãos internos, seguido de secagem da cavidade corporal. Ambas eram adornadas com perucas e máscaras de argila, sendo pintadas em manganês ou ocre.

Pioneiros do deserto

Bernardo Arriaza, antropólogo físico com décadas de estudo das múmias Chinchorro, enfatizou a importância da descoberta: "O que estamos tentando mostrar é que não só temos a evidência mais antiga de mumificação intencional, mas foi feita por pessoas pré-caçadoras-coletoras em um ambiente imaculado que permanece preservado até hoje", disse o pesquisador à reportagem da CNN.

Além disso, Arriaza destaca que os Chinchorro foram os pioneiros do deserto, não apenas por colonizarem a região do Atacama, mas por desenvolverem uma complexa tradição de mumificação que reflete sua profunda reverência pelos mortos.

Múmias infantis / Crédito: Divulgação/Mark Johanson

Descoberta

A descoberta inicial das múmias Chinchorro foi feita há um século pelo arqueólogo alemão Max Uhle, próximo à praia de Arica, que deu nome ao povo.

A Playa Chinchorro, uma extensa praia de areias douradas, é um testemunho de seu legado, enquanto a cidade de Arica abriga o Museo de Sitio Colón 10, onde algumas das múmias mais complexas foram encontradas nas encostas de El Morro, uma colina que também serviu como vasto cemitério para os Chinchorro.

Estátuas encontradas no deserto do Atacama / Crédito: Divulgação/Mark Johanson

As formas mais antigas de mumificação Chinchorro são encontradas em Caleta Camarones, uma praia intocada ao longo de 7.000 anos, situada 113 km ao sul de Arica.