Conhecido pela boêmia da alta sociedade paulistana do século 20, o local foi determinado Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de São Paulo
Nesta quarta-feira, 03, foi confirmada a morte do proprietário do Ponto Chic, José Carlos de Souza, 71 anos, em decorrência de complicações geradas pela COVID-19. O empresário era famoso por preservar a memória histórica do estabelecimento que se desenvolveu junto com a antiga São Paulo.
Localizado na região central da cidade de São Paulo, no Largo do Paissandú, o restaurante é considerado uma das maiores referências turísticas da região, por já ter sido palco de inúmeros encontros políticos e, também, por ser o local da criação do primeiro lanche de Bauru da cidade.
Contexto Histórico
Fundado em 24 de março de 1922, por Odílio Cecchini — membro da diretoria da Sociedade Esportiva Palestra Itália (Sociedade Esportiva Palmeiras) — e pelo seu sócio Antonio Milanese, o Ponto Chic era constantemente visitado por torcedores do Palmeiras. No entanto, logo o local ficou famoso pelos encontros da Semana de Arte Moderna.
De acordo com o acervo disponível no site oficial do Ponto Chic, além dos amantes de futebol, o local reunia artistas e políticos que debatiam questões sociais, sendo que as principais revoluções e manifestações ocorridas naquela época foram decididas dentro do resturante.
Conforme repercutido pela Folha, já no segundo andar, as histórias eram bem diferentes daquelas discutidas no piso inferior, pois o local abrigava o famoso bordel da dona Fifi.
Lançada em 2012, pela Editora Senac São Paulo, a obra Ponto Chic: um bar na história de São Paulo, do renomado escritor e jornalista Angelo Iacocca, apresenta a trajetória completa do local que se desenvolveu junto com a São Paulo antiga.
“Para a juventude da época, em especial para os estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, o Ponto Chic era o local para onde todos convergiam com a certeza de viver momentos agradáveis, encontrar amigos, discutir política, comemorar vitórias ou encontrar conforto nas derrotas”, trecho retirado da obra de Angelo Iacocca.
Segundo o livro, a região era, ainda, ponto de encontro de artistas de circo. Em temporadas de apresentações na cidade, o local era tomado por estes profissionais, que levavam cores e alegria para dentro do estabelecimento.
Na década seguinte, o local consagrou-se na História e tornou-se referência internacional, pois foi lá que Casimiro Pinto Neto criou o famoso sanduíche de bauru. Nascido na cidade paulista de Bauru, o estudante de direito do Largo São Francisco era um grande frequentador do restaurante, até que certo dia quis experimentar algo diferente, surgindo assim, o primeiro lanche de bauru da História.
Conforme repercutido pelo G1, certo dia, o estudante sugeriu que o chefe de cozinha tirasse o miolo do pão e acrescentasse queijo derretido, fatias de rosbife e tomate. Logo a criação de Casimiro tornou-se popular entre os frequentadores do restaurante, que sempre pediam pelo seu lanche.
"Eu tinha lido em um opúsculo livreto de alimentação para crianças, da Secretaria de Educação e Saúde, escrito pelo ex-prefeito Wladimir de Toledo Pisa, também frequentador do Ponto Chic , que a carne era rica nesses dois elementos. Então falei para botar umas fatias de rosbife junto com o queijo. E já ia fechando de novo quando eu tornei a falar: falta vitamina, bota aí umas fatias de tomate. Este é o verdadeiro Bauru”, disse Casimiro Pinto Neto em um depoimento enquanto estava vivo.
Em entrevista ao G1, em 2012, o proprietário do estabelecimento, José Carlos de Souza, disse que o tradicional sanduíche, incluiu pão sem miolo, rosbife, queijo derretido, tomate, orégano e picles em rodelas e sal.
"Desde sua criação se tornou o carro-chefe do cardápio e contribuiu para que o bar se tornasse ponto de encontro de jornalistas, políticos, esportistas, entre outros profissionais, provocando ainda mais a reunião de pessoas formadoras de opinião que ajudaram a escrever a história da cidade de São Paulo. A divulgação do nome Bauru teve reflexos colaterais também na situação econômica da região noroeste do estado de São Paulo, principalmente para o município de Bauru”, disse José Carlos de Souza ao G1.
Patrimônio cultural
De acordo com o Estadão, em 28 de dezembro de 2018, o ex-governador de São Paulo, Márcio França, decretou o famoso lanche de bauru como Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de São Paulo, segundo a lei 16.914/2018.
Posteriormente, outros sanduíches foram criados, mas ainda hoje, a fórmula pioneira é a que mais agrada o público. Referência turística e patrimônio cultural, o Ponto Chic possui atualmente outras duas filiais na cidade, localizadas em Perdizes e Paraíso.
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