Apaixonado por sorvete, fotografia e viagens, o jovem fez história ao assumir o trono abdicado pelo pai com apenas 15 anos
Em meados de 1825, a Imperatriz Maria Leopoldina já não aguentava mais os desaforos vindos do marido, dom PedroI. De um lado, ela era obrigada a conviver com Domitila; do outro, ela sentia-se frustrada por não ter concedido ao esposo um herdeiro homem.
Foi nesse contexto pouco lúcido que a mulher deu à luz Pedro de Alcântara, o menino que logo se tornaria dom Pedro II. O nascimento do garoto, no entanto, veio seguido de cólicas, vômitos, sangramentos e delírios por parte da rainha.
Há 195 anos, no dia 2 de dezembro de 1825, então, a tão esperada concepção de dom Pedro II acabou com os últimos resquícios de sanidade da Imperatriz. Morta um ano mais tarde, ela sequer imaginou o Imperador que seu herdeiro viria a ser no futuro.
Uma infância desastrosa
Assim que Leopoldina morreu, em dezembro de 1826, no Paço de São Cristóvão, dom Pedro II passou a ser criado por sua ama de leite. Órfão de mãe e distante do pai, ele desenvolveu um grande apreço por Marianna Carlota de Verna Magalhães.
Quatro anos mais tarde, depois de diversos episódios que levaram à abdicação de dom Pedro I, o herdeiro também viu-se órfão do pai. Dessa vez, no entanto, ele seria coroado o infante do Brasil e, por isso, passou a ser acompanhado por diversos tutores.
A própria coroação de dom Pedro II, inclusive, foi bastante emblemática. Isso porque, aos cinco anos, o menino sequer sabia o que estava acontecendo. Naquela noite, ele foi acordado de um sono profundo e repentinamente levado para a Quinta da Boa Vista.
Em 7 de abril de 1831, confuso e com lágrimas nos olhos, o garoto tornou-se o próximo imperador. Ao mesmo tempo, dom PedroI já estava à bordo da fragata inglesa Warspite. Depois disso, pai e filho nunca mais se viram outra vez.
Doçuras restantes
Daquele dia em diante, a infância de dom PedroII foi tomada por tristezas e muita solidão. Ainda que tivesse outros irmãos, ele sentia-se só em um palácio tão grande, onde ninguém entendia a pressão que recaia sobre o herdeiro.
Ainda assim, aos oito anos, ele conheceu uma de suas paixões: o sorvete. Doce e cremosa, a sobremesa era inédita no país e acabou conquistando o coração de dom Pedro II, que ainda contraiu laringite depois de tomar tantas taças congelantes.
Pouco depois, entretanto, as delícias da infância foram trocadas pelos deveres do cargo que ele deveria assumir. Guiado, então, por José Bonifácio e diversos outros tutores, dom Pedro II chegou ao trono aos 15 anos, através de um golpe institucional.
Direitos e deveres
Junto da recém-conquistada maioridade, o garoto também teve de se casar. Foi assim que se apaixonou por Teresa Cristina, uma princesa de Nápoles. Depois de algum período apenas sonhando com a aparencia da dama, os dois se conheceram, em 1843.
Só que Teresa estava longe de ser a única paixão de dom Pedro II. Considerado um homem do mundo, o jovem Imperador era aficcionado por turismo e pela fotografia. Entre os anos de 1871 e 1888, por exemplo, ele fez dezenas de viagens ao redor do mundo, sendo que a menor delas durou dez meses.
Entre suas idas e vindas, inclusive, o Imperador conheceu Thomas Edison, o inventor da lâmpada, e Grahan Bell, o criador do telefone. Mais tarde, chegou a ser cotado para Presidente dos Estados Unidos, ao conquistar o bom humor de diversos eleitores quando visitou o país, em 1876 — ele, é claro, não ganhou, nem assumiu o cargo.
As paixões de um imperador
Carismático e bastante encantador, o Imperador brasileiro deixava um rastro de cordialidades por onde passava. No total, dom Pedro II falava 13 línguas e, com elas, dominava conversas, conquistava confianças e garantia fãs no mundo todo.
Aqui no Brasil, era tido como humilde por diversos simpatizantes. Isso porque uma grande parcela de seus súditos era imensamente mais rica do que ele. Na corte, por exemplo, havia residências muito mais confortáveis e luxuosas que a do imperador, todas destinadas a cientistas, artistas e intelectuais.
Apaixonado por fotografias, dom Pedro II deixou uma coleção de cerca de 30 mil imagens do Brasil e de todo o planeta para trás. No final, o último Imperador do Brasil também foi o regente que governou por mais tempo: 49 longos anos. Seu fim veio, então, no dia 5 de dezembro de 1891. Ele tinha 66 anos.
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