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Matérias / Estados Unidos

Neste dia, há 119 anos, a elefanta Topsy era eletrocutada em praça púbica

Em 1903, nos Estados Unidos, o animal contrabandeado da Ásia foi brutalmente assassinado em um evento com mais de mil pessoas

Alana Sousa Publicado em 08/11/2020, às 09h00 - Atualizado em 04/02/2022, às 08h00

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Evento que matou Topsy - Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons
Evento que matou Topsy - Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

Esquecida por 70 anos, a primeira morte filmada de um animal na História envolve o trágico fim da elefanta Topsy, eletrocutada em praça pública em 4 de janeiro de 1903. Sua vida de aproximadamente 28 anos foi marcada por crueldade e insensibilidade — e acabou da pior forma possível.

Nascida na Ásia, em meados de 1875, Topsy foi levada ilegalmente para a América e apresentada como a primeira de sua espécie com origem americana. Assim, durante seus primeiros anos foi um dos animais de performance do Forepaugh Circus, sua reputação de malvada foi espalhada por todo o estado de Nova York, e acidentes que a envolviam ganhavam grandes proporções.

Devido aos maus tratos, Topsy desenvolveu um temperamento forte, matando um espectador durante um de seus shows; por isso, foi vendida para o Sea Lion Park, em Coney Idland. A situação por lá, todavia, foi pior: a elefanta matou três domadores, sendo que um deles era um alcoólatra incapaz de cuidar do grande mamífero.

Topsy no dia de sua morte / Crédito: Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

Morte em praça pública

Devido aos incidentes fatais de Topsy, dois empresários decidiram dar um fim em sua vida num evento público, com venda de ingresso e presença da imprensa, eram eles Frederic Thompson e Elmer Dundy.

Planejando o evento fatal, os homens decidiram por enforcar o animal, o que resultaria em uma morte lenta e dolorosa — como eles achavam que Topsy merecia. Para a infelicidade dos publicitários, o presidente da Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade com os Animais, John Peter Haines, impediu que o evento fosse à diante, alegando que era um “meio desnecessariamente cruel de matar”, paralisando-o.

Insatisfeitos com os rumos do plano original, Thompson e Dundy passaram a organizar uma execução de menor grandiosidade, limitada apenas à imprensa e pouco mais de mil convidados. A forma de matar a elefanta também tinha mudado, eles usariam cordas para enforcá-la, um vapor de veneno e uma eletrocussão para finalizar o dia.

No domingo de 4 de janeiro de 1903, Topsy foi levada para o local de sua iminente morte. A princípio, ela se recusou a cruzar uma ponte que daria no cercado preparado para o evento, evitando estímulos com comida e do domador Carl Goliath. Vendo que o animal não iria colaborar, segundo jornais da época, os organizadores decidiram “trazer a morte para ela”.

Já com as cordas envoltas no pescoço da vítima, às 14h45, uma descarga elétrica foi enviada da usina de Bay Ridge direto para o corpo de Topsy que, em 10 segundos, estava no chão. Em seguida, um guincho a vapor puxou dois nós das cordas presas na elefanta, por dois minutos ela foi enforcada. Às 14h47, foi declarada morta.

Topsy caída no chão / Crédito: Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

Durante o evento brutal, a imprensa escreveu que o animal morreu sem dar “um gemido”, uma perícia, mais tarde, determinou que o choque elétrico foi a causa da morte da elefante de quase 28 anos de idade.

A filmagem da gravação circulou durante um tempo, até cair no esquecimento e permanecer por mais de sete décadas na obscuridade. Por vezes, o vídeo ressurgia em contextos diferentes e ninguém mais se lembrava de Topsy.

Confusão com a guerra das correntes

A relação da eletrocussão de Topsy com a guerra das correntes de Thomas Edison e Nikola Tesla é errônea. Na época, nenhum dos inventores estava envolvido em uma disputa sobre o conhecimento elétrico. Sendo que a “guerra” só teve início dez anos depois da morte da elefanta.

A confusão pode ter tido início em descrições de jornais, que atribuíam a morte do animal a “eletricistas da Edison Company”, que, na verdade, não é relacionada a Thomas Edison, e sim a outro empresário.


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