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Vietnã: a hora da reconstrução

Depois da vitória, o regime comunista teve que reorganizar o país

Tiago Cordeiro Publicado em 01/01/2007, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

Em 1975, pela primeira vez, o Vietnã passou a existir como um estado independente e unificado. A antiga colônia francesa, que lutava pela autonomia desde 1945, tinha pela frente o desafio de reconstruir a região, assolada por três décadas de guerras. As reformas estruturais vieram rápido, já que, antes mesmo da queda de Saigon, o regime comunista tinha a preocupação de atacar apenas os pontos cruciais das principais cidades, de forma a não demolir estruturas que o próprio regime teria de reconstruir depois.

Resultados imediatos

A reorganização dos edifícios, dos portos e das estradas foi mais rápida do que o esperado pelos países do Ocidente, que imaginavam que o país mergulharia em um caos parecido com o que acometeu, na mesma época, o Camboja. Em junho de 1975, apenas dois meses depois da unificação do país, um único problema grave incomodava os moradores de Saigon, que no ano seguinte seria rebatizada de Ho Chi Minh: o fechamento dos bancos. O sistema monetário vivia uma transição, a maioria dos bancos permanecia fechada e os salários, quando pagos, eram fornecidos em forma de quantidades de arroz. Nos primeiros meses do novo regime unificado, mesmo os burocratas de mais alto escalão recebiam apenas o equivalente a dez dólares, enquanto o custo de vida havia subido 20% em relação aos preços do Vietnã do Sul antes da guerra. O outro problema urgente era o desemprego. O mercado de trabalho do país não era capaz de absorver 3 dos 21 milhões de pessoas economicamente ativas – incluindo 1 milhão de ex-soldados.

Perestroika asiática

Para minimizar o desemprego, o regime recorreu à coletivização da agricultura. Em todo o país, foram criadas grandes fazendas de trabalho cooperativo forçado. Não foi o suficiente, e o país passou dez anos atolado na miséria. Até que, em 1986, o então secretário-geral do comitê central do Partido Comunista soviético, Mikhail Gorbachev, iniciou um processo de reestruturação da economia. Movido pelo exemplo, o regime vietnamita começou a reformar a organização financeira do país. Lentamente, o trabalho coletivo foi substituído por sistemas de produção mais eficientes e lucrativos. Em 1991, com a queda da União Soviética, Hanói começou a estimular a entrada de capital estrangeiro. Tudo ficou mais fácil em 1994, quando os Estados Unidos retiraram as sanções econômicas sobre o Vietnã, e em 1995, com o reatamento dos laços diplomáticos entre os dois países.

No começo dos anos 90, cerca de 80% da população morava em áreas rurais. Desde então, a economia do país, cada vez mais industrializada, vem experimentando um crescimento do PIB da ordem de 7% ao ano. Em 2001, surgiu a primeira bolsa de valores no país, em Ho Chi Minh – hoje uma cidade de 7 milhões de habitantes, com 50 universidades, 15 parques industriais, 3 milhões de telefones celulares, número que cresce 20% ao ano. Com o tempo, e apesar dos atritos constantes com Pequim, o Vietnã adotou o modelo chinês recente: capitalismo na economia, acompanhado de mão forte na condução política do país.

As outras guerras do Vietnã

Nos cinco anos que se seguiram à queda de Saigon, o governo comunista bateu-se contra vários grupos de guerrilha espalhados pelo sul do país. Além disso, entre 1977 a 1991 o Vietnã envolveu-se num conflito com o vizinho Camboja. Em dezembro de 1978, quando os vietnamitas invadiram seus vizinhos para forçar a queda do ditador Pol Pot, a China fez uma incursão de 29 dias contra Hanói, ao final dos quais o exército invasor alegou que já havia dado uma lição aos inimigos e voltou para casa. Depois do incidente, o Vietnã reforçou seus laços com a União Soviética. Nos anos 80, os vietnamitas também arranjaram confusão com a Tailândia. A pretexto de caçar guerrilheiros cambojanos, Hanói invadiu o território tailandês.

Para saber mais

LIVRO

Decent Interval, Frank Snepp, University Press of Kansas, 1977

Um jornalista e o ex-analista estratégico da CIA narram os últimos dias de Saigon.