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Democracias de mentirinha

Levantamento estima que 41 países fazem eleições, mas são ditaduras

Fábio Marton Publicado em 01/09/2008, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

Oficialmente, só duas nações do mundo admitem que não são democráticas. Uma delas é a Arábia Saudita, que é uma monarquia absolutista, e a outra é Mianmar, governada por uma ditadura assumida. Todos os demais países dizem que seus cidadãos são livres para se expressar, e isso inclui a China, a Síria, o Irã, o Paquistão... e o Zimbábue. O caso deste país africano é exemplar. Em março, Robert Mugabe, que controla o governo desde 1980, perdeu o primeiro turno das eleições locais para Morgan Tsvangirai. Mas, por meio de intimidação, Mugabe fez com que Tsvangirai desistisse de disputar o segundo turno. Em junho, Mugabe foi reeleito com 85,5% dos votos.

Por causa de exemplos como esse, não é recomendável levar em conta a opinião dos países a respeito de si mesmos. Mas existem entidades que fazem levantamentos independentes sobre o assunto. Uma das mais respeitadas é a ONG Freedom House, fundada em 1941 por Eleanor Roosevelt (1884-1962), esposa do presidente americano Franklin Roosevelt (1882-1945). No mais recente relatório do grupo, deste ano, 43 países são considerados “não-livres” (sendo que 41 deles fazem eleições, e Mianmar promete as suas para 2010), 60 são “parcialmente livres” e 90, “livres”. O Brasil era parcialmente livre desde a anistia política de 1979, e só se tornou livre em 2002, quando as eleições presidenciais provaram que temos alternância de poder.

De toda forma, não deixa de surpreender que as ditaduras se digam democráticas. Esse é um sinal de que os regimes abertos estão na moda, e isso é novidade. Aristóteles (384-322 a.C.) a definia como uma forma degenerada de república. No século 20, os fascistas diziam que ela era um jeito de as pessoas medíocres oprimirem o “grande homem”. E os marxistas tratavam o regime democrático como armação burguesa. Agora, como diz Marco Antônio Villa, historiador da Universidade Federal de São Carlos, “ao menos como idéia, a democracia é vitoriosa”.

Cale-se!

Os endereços da mordaça

O mapa-múndi da liberdade e a situação de alguns países onde ela não existe

Cuba

Com a transmissão do comando de Fidel para seu irmão Raúl Castro, o único país considerado não-livre da América Latina avançou em direção à democracia. Mas o país ainda não permite a realização de greves, o funcionamento de sindicatos autônomos e as mudanças de endereço dos cidadãos.

Irã

O país tem um intrincado sistema político que mistura lei islâmica e eleições multipartidárias, em que o cargo maior não é o de presidente, mas de “líder supremo”, que não é escolhido pelo voto popular, e sim por um grupo de clérigos eleitos. Na prática, o sistema torna quase impossível a vida política da oposição.

Autoridade Nacional Palestina

A entidade, que é o embrião de um futuro Estado palestino, realizou eleições em 2004. O presidente escolhido foi Mahmoud Abbas, do grupo Fatah. Em 2006, o Hamas ficou com 74 dos 132 cargos legislativos, o que deu início a uma pequena guerra civil.

Rússia

Desde 1999, quando Vladimir Putin assumiu o poder, o país anda para trás em matéria de liberdade. Em 2008, a Rússia recebeu sua pior classificação desde 1989, quando ainda estava no regime soviético. Em maio, Putin elegeu seu sucessor e se transformou em primeiro-ministro.

China

A chamada “democracia com características chinesas” é um regime de partido único que não permite imprensa livre, censura a internet, proíbe manifestações e prende adversários. De quebra, a onda de bonança econômica significou uma grande chance de corrupção para a burocracia local.