Reconstrução em 3D de cabeça de múmia de mulher egípcia - Divulgação/Jennifer Mann
Arqueologia

Veja o 'rosto' de uma múmia que foi esquecida em escola por um século

Antiga múmia, esquecida em escola por um século, foi uma mulher que viveu no Egito em seu período greco-romano, entre 332 a.C. e 395 d.C.

Éric Moreira Publicado em 07/07/2024, às 13h00

No começo deste ano, uma cabeça mumificada do antigo Egito ganhou um novo rosto, depois de uma detalhada reconstrução artístico-científica. Ela pertenceu a uma mulher que viveu durante o período greco-romano do Egito, entre 332 a.C. e 395 d.C., e tinha entre 50 e 60 anos quando morreu.

A reconstrução foi feita pela escultora forense Jennifer Mann, que destaca à Live Science a importância do trabalho: "Isso tira a ênfase dos restos humanos. [...] os museus estão cada vez mais relutantes em exibir os restos mortais de povos antigos".

Jennifer Mann trabalha para o Instituto Vitoriano de Medicina Forense (VFIM), em Melbourne, na Austrália. A cabeça da múmia, por sua vez, estava exibida na biblioteca do Colégio de Grafton, localizado no norte de Nova Gales do Sul; e a reconstrução, depois de finalizada, levada para exibição no Museu da Anatomia e Patologia da Universidade de Melbourne.

Mistério

Segundo uma reportagem da Australian Broadcast Corporation (ABC), a cabeça mumificada é considerada um mistério em Milbourne. Isso porque ela foi doada ao Colégio de Grafton em 1915, mas nunca foi claro como chegou lá — teorias apontam para a possibilidade de ter sido adquirida por um estudante de medicina da Escócia ou um egiptólogo local —;a única informação sobre o objeto era uma nota centenária que o acompanhava, que o identificava como uma "genuína" múmia egípcia.

Porém, as notícias sobre a múmia e seu mistério ganharam mais força depois que, no ano passado, ela foi divulgada no podcast 'Stuff the British Stole', da ABC. Graças a isso, foi providenciado uma tomografia computadorizada, que possibilitou a reconstrução facial da múmia.

Foi também após essa etapa que os pesquisadores apontaram que a múmia pertenceu a uma mulher que tinha entre 50 e 60 anos quando morreu. Também graças a algumas manchas de ouro em sua cabeça que os pesquisadores concluíram que ela viveu no período greco-romano do Egito (332 a.C. a 395 d.C.), quando usavam folhas de ouro no processo de mumificação.

Reconstrução

Após receber o modelo impresso em 3D do crânio da múmia, Mann adicionou olhos e marcadores para representar, primeiro, a profundidade do tecido, com base em medições ultrassônicas dos egípcios de hoje. Então, foi adicionada musculatura em torno dos marcadores, e depois os tecidos moles, que podem ser determinados a partir das medidas do crânio.

Crânio impresso em 3D de múmia de mulher egípcia / Crédito: Divulgação/Jennifer Mann

 

Um detalhe sobre a múmia é que ela tinha parte da boca gravemente danificada, e por essa razão Mann consultou um odontologista forense para auxiliar no processo. Então, foi criada a pele em torno dos olhos e sobre a musculatura, e a reconstrução foi finalizada com um penteado e brincos relativos ao período greco-romano do Egito, baseando-se nos retratos de Fayum.

Por fim, a escultura foi finalizada com uma resina em cor de bronze, pois “não há evidências científicas [de DNA recuperado, neste caso] para coisas como tom de pele e cor dos olhos”, conforme Mann explica ao WordsSideKick.com. Vale lembrar que hoje sabemos que é difícil determinar sua cor de pele pois, na época, o Egito já tinha habitantes de várias ascendências, como egípcia, grega, romana, partes da Ásia e do Mediterrâneo.

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