O militar governou a Argentina como ditador entre 1976 e 1981, sendo responsável por milhares de mortes das quais ele nunca se arrependeu
André Nogueira Publicado em 15/02/2020, às 09h00
Considerado um dos mais violentos ditadores da história da América Latina, Jorge Rafael Videla, principal nome do regime ocorrido na Argentina, governou o país entre 1976 e 1981. Sua liderança foi marcada por torturas, mortes de opositores e até mesmo sequestro de crianças.
Videla assumiu o governo através de um golpe militar empreendido quando tornou-se comandante em chefe das Forças Armadas pela presidente Isabelita Perón. Logo de inicio, perseguiu opositores e fechou o governo, que ficou restrito a uma cúpula de militares associados a empresários, ficando no poder até ser substituído em 1982, com a imagem já destruída.
O principal elemento de construção de seu governo foi a repressão dos que ele chamava de subversivos, que seriam inimigos do projeto de “Reorganização”, como nomeou, da nação. Medidas autoritárias de seu gabinete destruíram as bases jurídicas do direito à ampla defesa e a Argentina passou a viver um regime de exceção.
Seu governo, portanto, foi marcado pela violação dos direitos humanos. Com um forte aparato de propaganda, sua administração empreendeu uma guerra imagética contra a fama que o país passou a ter, como terra de sangue (o que foi chamado pelo regime de “campanha anti-argentina”).
Dentro do aparato de repressão social por parte da política, militarizada, era recorrente o uso de tortura. A Argentina foi um dos países que mais torturou civis no século 20, gerando um legado sanguinário por parte dos militares.
Um dos mais absurdos crimes da gestão Videla foi a série de sequestros de crianças e bebês que ocorriam como forma de contenção da oposição de esquerda. O trágico episódio foi motivo de uma de suas diversas prisões, declarada pelo Tribunal Oral Federal do país em 2012, ao considerá-lo "autor penalmente responsável pelos delitos de subtração, retenção e ocultamento de um menor de 10 anos de idade".
O roubo sistemático de bebês pelo governo atingiu ao menos 400 crianças, sequestradas e adotadas ilegalmente, sendo que muitas delas até hoje não foram identificadas. Muitos desses recém-nascidos eram tirados de suas mães em repartições clandestinas de tortura, tendo os pais mortos depois de meses de cativeiro enquanto amamentavam. A maioria delas não tinha nenhum documento até que fosse levada para outra família.
Diretamente, Videla foi responsável pela morte de milhares. Em 2012, durante uma entrevista ao jornalista Ceferino Reato, o militar admitiu sua participação nas "mortes e desaparecimentos de 8 mil pessoas", além de declarar que “sabia tudo o que estava acontecendo” e que autorizou tudo. "Tenho peso na alma, mas não estou arrependido de nada", concluiu.
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