Certamente um dos monumentos mais famosos de todo o mundo, a Estátua da Liberdade possui curiosas raízes que remetem ao antigo Egito
Éric Moreira Publicado em 04/08/2024, às 10h00 - Atualizado em 06/08/2024, às 19h04
Quando se fala sobre arte, muitas pessoas logo pensam clássicas pinturas renascentistas, ou no cinema e na música de hoje em dia, deixando quase sempre de lado um estilo de produção que, desde a Antiguidade, foi responsável por obras bastante emblemáticas: a escultura.
Entre as estátuas mais notáveis do mundo, estão 'David', de Michelangelo, 'O Pensador', de Rodin, as estátuas que ocupam várias regiões da Ásia, o nosso Cristo Redentor... E, é claro, a Estátua da Liberdade, nos Estados Unidos.
Uma das esculturas mais icônicas do mundo ocidental, a Estátua da Liberdade é frequentemente mencionada como o próprio símbolo personificado da liberdade estadunidense. Ela foi doada pela França em 1875, como forma de celebrar a aliança entre os dois países na Revolução Americana.
Conforme o portal Britannica, a obra é formalmente intitulada de 'A liberdade Iluminando o Mundo' e representa a própria Liberdade, personificada como uma mulher que segura uma tocha na mão direita erguida, enquanto a esquerda segura uma placa com a inscrição "JULY IV, MDCCLXXVI" — data em algarismos romanos da Declaração de Independência dos Estados Unidos.
Porém, além do significado e do contexto em que foi dada aos Estados Unidos, outra dúvida que pode pairar na mente de muita gente é: afinal, quem é a pessoa que serviu de inspiração para esta emblemática escultura?
Antes de falar sobre a concepção da estátua em si, é preciso falar sobre Frédéric Auguste Bartholdi, o francês que a esculpiu. Nascido em abril de 1834, foi só no fim da década de 1850 que ele criou um interesse especial por figuras colossais — quase 30 anos antes de a Estátua da Liberdade ser finalizada.
Segundo registro do repositório HathiTrust, Bartholdi descreveu seu interesse por estátuas colossais, principalmente por inspiração pelos monumentos clássicos, como o Colosso de Rodes.
Porém, quem estudou mais detalhadamente foram os antigos egípcios, quando viajou ao Egito em 1856, e ficou impressionado com os Colossos de Memnon, duas estátuas do faraó Amenhotep III com 21 metros de altura, sobre as ruínas da antiga Tebas, esculpidas há 3.300 anos.
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Transformado após sua jornada no Egito, em 1868 Bartholdi voltou a se maravilhar pelos Colossos e, em 1869, apresentou ao então quediva — título de origem persa usado para líderes de estado, sultões e grão-vizires do Império Otomano — egípcio, Ismāʽīl Paxá, um projeto de escultura para celebrar a conclusão do Canal de Suez, que havia sido inaugurado naquele mesmo ano.
Sendo o Canal de Suez o caminho mais curto entre o Mediterrâneo e o Mar Vermelho e uma importante ponte marítima que ligava a Europa e a Ásia. Portanto, a estátua não seria apenas vista por todas as inúmeras pessoas que passariam por ali todos os dias, como também um símbolo de progresso cultural.
Nesse contexto, inclusive, o design da estátua seria uma mulher fallāḥ — uma camponesa egípcia — mas que, infelizmente, não se sabe quem exatamente. Nos registros de Bartholdi, não havia nada que indicasse qualquer interesse na história pessoal daquela mulher, e nem mesmo seu nome. Já a estátua, se chamaria 'Egito levando a luz para a Ásia'.
Porém, fato é que a ideia de selecionar uma mulher não era aleatória: o escultor conhecia a tradição artística europeia de séculos em que valores, ideias e até países eram, muitas vezes, personificados em forma de mulheres. Essas figuras, por sua vez, eram veneradas e até mesmo adoradas, no entanto, o que mais importava a Bartholdi era que elas permaneciam na mente de todos, sendo inconfundíveis.
Além disso, vestida com roupas de uma fallāḥ, ela poderia se tornar um verdadeiro símbolo de orgulho para egípcios de todas as classes sociais. Porém, infelizmente, o projeto não foi adiante, pois, o Egito enfrentava uma série de problemas financeiros nessa época.
Porém, Bartholdi não jogaria fora um projeto em que tivesse se empenhado. O artista estava determinado a reaproveitar o trabalho, o que no futuro se provaria uma atitude de sucesso, considerando que ele marcou seu nome na História.
Entre 1870 e 1871, ele alterou alguns detalhes dos esboços da estátua, substituindo o vestimento egípcio camponês por túnicas gregas. Além disso, em vez de irradiar luz pela cabeça, como era planejado inicialmente, ela iluminaria pela tocha que carregava na mão direita. Um diadema foi colocado em sua cabeça, e sua mão esquerda foi remodelada para segurar uma placa.
E, assim, Bartholdi criou aquela que ficaria eternizada como a Estátua da Liberdade. Embora tenha passado por uma remodelação, alguns elementos não mudaram desde os esboços de 1869, como a tocha em seu braço direito estendido, e o outro braço na cintura.
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