Em 1954, engenheiros britânicos desenvolveram um curioso plano para enfrentar as armas nucleares da União Soviética; confira!
Éric Moreira, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 08/01/2023, às 07h00 - Atualizado em 23/02/2023, às 20h43
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, um dos maiores conflitos presenciados pela história da humanidade, entre os lados do Eixo (formado por Alemanha, Itália e Japão) e dos Aliados (Reino Unido, França, União Soviética e Estados Unidos), uma nova disputa foi iniciada: a Guerra Fria.
Em um mundo dividido ideologicamente entre os Estados Unidos e a União Soviética — outrora nações aliadas —, a Guerra Fria culminou em um dos períodos mais sombrios que a humanidade já presenciou, com uma disputa, acima de tudo, tecnológica entre as nações, que eram também as maiores potências nucleares da época.
O palco principal para a disputa, que recebeu todos os holofotes da época, era a Alemanha — na época, dividida pelo Muro de Berlim entre os lados Oriental (socialista, aliado da URSS) e Ocidental (capitalista, aliada dos EUA). Porém, outra nação, também aliada aos norte-americanos, queria exercer um papel importante no conflito: os britânicos. E assim surgiu o 'Project Blue Peacock' ('Projeto Pavão Azul', em tradução livre).
No início da década de 1950, o Estabelecimento Real de Pesquisa e Desenvolvimento de Armamentos da Grã-Bretanha (RARDE) buscava incansavelmente alguma forma de superar o exército soviético com armas nucleares — uma missão extremamente difícil —, até que chegaram à ideia de utilizar minas terrestres atômicas. E foi assim que surgiu, ou pelo menos começou a se moldar, o que seria chamado de Projeto Blue Peacock.
De acordo com o site All That's Interesting, a ideia dos britânicos era de enterrar as minas na planície do norte da Alemanha e, caso os soviéticos cruzassem para o lado Ocidental do país por aquele trajeto, só após montarem quartéis-generais e depósitos de suprimentos, seriam surpreendidos com uma grande explosão abaixo de seus pés.
Com cerca de 10 quilotons e pesando sete toneladas, cada arma tinha cerca de metade da potência da bomba que destruiu Nagasaki em 1945 e deixaria uma cratera maior que um campo de futebol no solo ao explodir.
Além disso, após a detonação, grandes áreas da Europa seriam cobertas por precipitação radioativa, o que impossibilitaria a ocupação da região e, por fim, convenceria os soviéticos a deixar a Alemanha.
No entanto, por mais que a ideia parecesse promissora — apesar de destrutiva e completamente avassaladora —, os engenheiros britânicos responsáveis pelo Projeto Blue Peacock encontraram uma dificuldade em específico: a detonação dos explosivos.
Como era esperado que os soviéticos montassem seus acampamentos antes de ativar a bomba, para que os danos fossem maximizados, foi cogitada a colocação de um cronômetro de oito dias para a explosão.
Porém, ainda havia outro problema: o clima. Como as temperaturas do norte da Alemanha muitas vezes caíam para abaixo de zero durante o inverno, especialmente no subsolo, havia um risco muito grande de as minas terrestres simplesmente falharem na detonação.
A princípio, a ideia para contornar esse problema seria embrulhar cada bomba com travesseiros de fibra de vidro para manter o calor, mas logo um plano mais inusitado foi mais atrativo: utilizar galinhas nas bombas.
Teoricamente, aves vivas seriam colocadas dentro do invólucro de cada bomba, com comida suficiente para sobreviverem por oito dias. O calor do corpo dos animais manteria a mina aquecida até a hora de detonar — e eles seriam mortos na explosão resultante se ainda não tivessem morrido de fome.
Os britânicos trabalharam no Projeto Blue Peacock, no entanto, por somente quatro anos, até que, em 1958, o Ministério da Defesa cancelou o projeto “politicamente falho”, citando preocupações sobre a precipitação radioativa e a destruição do território de seus aliados.
Porém, mesmo após ter sido descartado, o projeto ainda foi mantido em segredo por um tempo. Foi somente em 2004 que informações sobre o plano foram divulgadas.
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