Em 1983, o homem começava sua jornada na prisão por um crime que não cometeu
Larissa Lopes, com supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 21/02/2021, às 11h00
Manchas de sangue por toda parte, bolsa, joias e envelopes desaparecidos. Assim ficou a cena do crime de Katherina Reitz Brow, assassinada aos 48 anos, na manhã de 21 de maio de 1980.
O corpo foi encontrado em sua casa em Massachusetts, Estados Unidos, às 10h45. Os responsáveis por investigar o crime encontraram fios de cabelo, sangue e impressões digitais na casa. A faca utilizada para matar estava dentro de uma lata de lixo.
O jovem Kenneth Waters se tornou suspeito quase que automaticamente, apenas por ser vizinho da vítima. Ele morava com sua namorada, Brenda Marsh, e tinha um emprego na lanchonete Park Street Diner — local em que Katherina era cliente fiel.
Como repercutido pelo Innocence Project, os funcionários da lanchonete possivelmente sabiam que a mulher guardava uma enorme quantia de dinheiro em casa.
Então, Waters foi chamado para interrogatório. Ele disse à polícia que no dia do crime havia trabalhado até às 8h30, sendo levado para casa por um amigo. Seu álibi continuava: havia trocado de roupa em casa e se dirigido ao tribunal de Ayer às 9h com o seu advogado.
Depois, voltou para o restaurante às 11h e ficou por lá até 12h30. Os policiais analisaram suas vestimentas e não encontraram nenhuma marca de sangue ou corte. Na ocasião, ainda coletaram suas impressões digitais.
Dois anos depois, com o caso ainda aberto, um homem foi ao Departamento de Polícia de Ayer e disse que tinha informações sobre o caso, que estava sem solução. Era Robert Osborne, novo companheiro de Brenda Marsh — a ex-namorada de Waters.
Em seu depoimento, Osborne relatou o que soube por Brenda: a confissão de Kenny de ter matado uma mulher. Segundo o Innocence Project, não há provas de que o homem foi recompensado com dinheiro pelo depoimento.
Contudo, Brenda também foi interrogada e recebeu a ameaça de que seria considerada cúmplice no crime se não confirmasse as informações de Osborne. Por fim, a mulher acabou validando a declaração falsa e adicionando outro cenário — o de que Waters voltou para casa, no dia do assassinato, estampando um longo arranhão no rosto.
Outra ex-namorada de Kenny Waters, Roseanna Perry, foi submetida a três horas de interrogatório e acabou sendo coagida a testemunhar que Kenny havia contado sobre esfaquear e roubar uma mulher.
Com três falsos depoimentos, o homem foi acusado de assassinato. Seu julgamento ocorreu em maio de 1983.
As impressões digitais de Waters, que haviam sido colhidas em 1980, nem sequer foram cruzadas com as da cena do crime. Assim como os fios de cabelo que estavam na mão da vítima e na faca encontrada — nada batia com Kenny. No entanto, num período em que criminalística forense não era totalmente eficiente para análisar provas, o homem caiu em desgraça.
Condenação
Em 11 de maio de 1983, Kenny Waters foi condenado à prisão perpétua por seus ‘crimes’: roubo e assassinato. O homem apelou para sua condenação por diversas vezes, desde o dia em que foi preso.
Depois da sentença injusta, a irmã, Betty Anne Waters, decidiu entrar para o curso de Direito na faculdade, com o objetivo de defender Kenny legalmente. Em 1999, já advogada, ela teve acesso às provas da cena do crime.
No ano seguinte, em 2000, Betty se uniu ao Innocence Project — instituição que ajuda a exonerar pessoas condenadas injustamente — para provar a inocência do irmão. Depois que conseguiram realizar um teste de DNA para cruzar as informações, a hipótese de que Waters era o assassino foi derrubada.
Ele estava cumprindo, há 18 anos, uma pena que não era dele. Depois de todo esse tempo, Waters foi libertado. Contudo, foi somente na data de 15 de março de 2001, que o gabinete do procurador distrital retirou, oficialmente, todas as acusações contra Kenny.
Virou filme
A difícil história de Kenny Waters e sua irmã advogada Betty foi transformada em roteiro de longa-metragem por Pamela Gray. Ela mergulhou em rascunhos durante oito anos e, quando finalmente tirou do papel, o projeto virou coletivo: os atores e equipe aceitaram trabalhar com um baixo orçamento, para que a história fosse registrada nas telonas.
No filme, a atriz Hilary Swank, de ‘Escritores da Liberdade’, interpreta Betty Waters. Enquanto Sam Rockwell, de ‘Jojo Rabbit’, dá vida a Kenneth.
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