Após ter se casado com um afegão, a família conservadora do rapaz fez com que a escritora se submetesse a um mundo diferente
Caio Tortamano Publicado em 02/02/2020, às 09h00
Membro de movimentos anti-religiosos durante a juventude, Phyllis Chesler é uma autora e psicóloga americana que acabou adotando as causas de um sionismo de esquerda.
Na faculdade, Chesler conheceu Abdul-Kareem, um rapaz de uma família tradicionalmente muçulmana, mas que adotou ideais ocidentais, diferentemente de seus familiares. Abdul era filho de um dos homens mais ricos do Afeganistão na época.
A mulher, com somente 20 anos, aceitou o pedido de casamento de Kareem e também acabou se mudando para a capital do Afeganistão, Kabul. Ao chegar no país, passaram a viver na casa da família de seu marido.
O choque foi imediato. Ao chegar em território afegão, seu passaporte americano foi confiscado pelas autoridades locais, fazendo com que ela se tornasse praticamente uma prisioneira do país.
Quando começou a morar com a família de seu marido, se deparou com uma realidade, que para a mentalidade feminista em desenvolvimento de Chesler, era inconcebível: seu sogro era um poligâmico que somente tratava como esposa sua parceira mais nova e fértil.
Tudo estaria bem, se Abdul não começasse a mudar suas atitudes da noite para o dia. Antes, um homem gentil e educado, passou a ter ações empáticas e sensíveis, segundo Chesler. Sua experiência com o “novo” marido avançou para um estágio em que Phyllis era, inclusive, abusada fisicamente.
Depois de alguns meses vivendo um verdadeiro inferno, a americana adquiriu hepatite. Enquanto sofria com a patologia, seu marido somente se preocupava com o status que ocuparia na sociedade afegã com sua mulher claramente incomodada com a cultura que Chesler deveria se submeter.
A doença se agravou, era tão difícil conviver com a doença que o pai Abdul conseguiu um visto temporário para que voltasse aos Estados Unidos para receber os devidos tratamentos.
Quando voltou para casa, além de se curar da doença, se formou na Universidade Bard. A partir daí, a carreira intelectual da mulher se desenvolveu, entrou para o doutorado, publicou estudos científicos e se consolidou como uma grande psicóloga. Não demorou para se divorciar de seu ex-marido, abrindo mão da difícil vida no Afeganistão.
A insólita experiência foi descrita em um de seus vários livros. An American Bride in Kabul ("Uma Esposa Americana em Kabul", em tradução livre) onde revelou as experiências em um verdadeiro harém de alta classe em plena capital afegã.
"Nos últimos anos, li memórias de mulheres muçulmanas, dissidentes muçulmanos, ex-dissidentes muçulmanos; entrevistei muitas. Li histórias da Ásia Central e do Oriente Médio e de viagens. Examinei ensaios fotográficos de nessas regiões e também visitou pinturas. Portanto, o que tenho a dizer nunca se baseia apenas em minha própria experiência pessoal " afirmou Chesler sobre o seu processo de escrita em 2013.
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