Em curta de 1943, o personagem é doutrinado pela propaganda nazista, sendo forçado a trabalhar na produção de bombas e a ler o Mein Kampf
Giovanna Gomes Publicado em 13/10/2024, às 11h00
O curta animado Der Fuehrer’s Face (A Face do Fuehrer), lançado em 1943 como uma sátira anti-nazista, é, certamente, uma das obras mais polêmicas de Walt Disney.
Em uma abordagem incomum, o icônico Pato Donald surge na animação em uma Alemanha controlada por Adolf Hitler, onde o personagem é forçado a vestir o uniforme nazista, saudar o ditador e a trabalhar exaustivamente na produção de bombas.
De acordo com informações do portal Legião dos Heróis, a trama do curta apresenta Donald vivendo como um nazista, sendo doutrinado pela propaganda do regime, forçado a marchar com outros soldados e a ler o Mein Kampf, a autobiografia de Hitler.
A história atinge seu clímax quando Donald, exausto e confuso após um dia de trabalho sem fim, finalmente acorda, aliviado, percebendo que tudo foi um pesadelo. Em um grito de alívio, ele declara: "Como é bom ser um cidadão dos Estados Unidos da América". A obra termina com uma caricatura de Hitler sendo atingida por um tomate, formando a frase "The End" (Fim), reforçando a crítica ao regime.
No contexto da Segunda Guerra Mundial, o curta era uma poderosa ferramenta de propaganda, destacando as diferenças entre a liberdade americana e a opressão nazista.
Originalmente intitulado Donald Duck in Nazi Land (Pato Donald em Solo Nazista), o filme recebeu o nome definitivo após o cantor Spike Jones gravar uma música homônima, usada como tema principal.
Der Fuehrer’s Face foi aclamado, tanto que recebeu o Oscar de Melhor Curta de Animação em 1943 e, em 1994, foi incluído pelo historiador Jerry Beck em sua lista dos 50 melhores desenhos animados.
A recepção ao curta, contudo, foi controversa. A Disney, preocupada com o conteúdo sensível e com a imagem de Donald usando uma farda nazista, eventualmente retirou a animação de circulação, evitando que ela fosse vinculada diretamente ao estúdio em tempos de paz.
A obra, mesmo afastada do público, voltou a chamar a atenção em 2010, quando um tribunal na região russa de Kamchatka colocou o curta na lista de "conteúdos extremistas" do país.
A decisão foi baseada em um caso de incitação ao ódio, em que um cidadão usou o filme para propagar hostilidade, mas foi suspensa em 2016 após o tribunal considerar que a animação era apenas uma caricatura satírica, e não uma exaltação do nazismo.
Apesar da sua recepção mista, Der Fuehrer’s Face permanece como um marco na história das animações e da propaganda de guerra, um exemplo de como Disney e Hollywood abordaram a Segunda Guerra Mundial em suas produções.
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