Katia e Maurice Krafft eram vulcanólogos que dedicaram suas vidas ao estudo e ao registro de vulcões; o documentário que conta a história do casal está indicado ao Oscar
Eduardo Lima, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 02/03/2023, às 19h43 - Atualizado em 09/03/2023, às 18h04
Maurice e Katia Krafft eram vulcanólogos. O casal francês dedicou sua vida em conjunto para estudar e registar vídeos e fotos de vulcões pelo mundo todo. Em uma de suas missões, eles ajudaram a soar o alerta de que o vulcão Nevado del Ruiz, na Colômbia, poderia representar um grande risco para a população próxima. O governo local não ouviu, e o vulcão deixou 23 mil mortos para trás.
Meu sonho é que vulcões deixem de matar", disse Maurice.
A cidade de Armero, localizada perto do vulcão, foi completamente soterrada. A erupção fez com que as geleiras da montanha derretessem, formando lahars, que é uma avalanche de lama, terra e detritos vulcânicos. Um povoamento inteiro, varrido do mapa.
Depois de uma tragédia dessas, uma das maiores já causadas por um vulcão, é de se esperar que o casal mudasse de área, talvez desistisse de observar os vulcões tão de perto. Não foi o que aconteceu. Na verdade, Katia e Maurice decidiram ir além.
O casal gravava erupções de perto para fins científicos, de conscientização e simplesmente por amar os fenômenos geológicos envolvidos nas montanhas que cospem lava. Depois da tragédia na Colômbia, os Krafft resolveram chegar mais perto de vulcões mais ameaçadores, para conseguir convencer as autoridades dos riscos de uma erupção. Se a palavra de vulcanólogos não bastava, talvez imagens ajudassem.
"Começamos na vulcanologia porque estávamos decepcionados com a humanidade. E, como um vulcão é maior do que os homens, sentimos que era o que precisávamos. Algo além da compreensão humana", explicou Maurice em entrevista divulgada no documentário.
O casal produzia filmagens que mostravam, bem de perto, a lava, as explosões e os fluxos piroclásticos (mistura de gás, matéria vulcânica e sedimentos de rochas expelidos pelo vulcão) que fazem parte de uma erupção. Suas imagens foram usadas por eles e por outros pesquisadores para entender melhor a atividade vulcânica.
A famosa banda britânica The Smiths canta que morrer ao lado da pessoa amada, mesmo que atropelados por um ônibus de dois andares, é uma maneira divina de morrer. A tragédia que acompanha o romantismo tem raízes mais profundas do que uma banda de rock dos anos 1980, indo até a Grécia antiga e o romantismo literário do século 19. Esse mesmo tipo de tragédia iria bater na porta dos Krafft.
Depois do incidente na Colômbia e decididos a usar suas imagens para levantar conscientização sobre o possível perigo das erupções, o casal marcou uma expedição para o Monte Unzen, no Japão, sem saber que seria sua última.
O vulcão japonês entrou em erupção em maio de 1991, e Katia e Maurice estavam lá para documentar o acontecimento. Eles ficaram, por segurança, na área onde jornalistas, cientistas e bombeiros estavam para se proteger do evento. Um fluxo piroclástico inesperado acabou chegando na área, levando à morte das 43 pessoas que estavam lá, incluindo os Krafft.
Maurice chegou a escrever em uma carta que preferiria viver "uma vida intensa e curta que longa e monótona". Katia chegou a dizer que, se Maurice morresse, ela optaria por ir com ele. Após a tragédia, a equipe que investigou a área descobriu marcas no solo que ficaram do momento em que os Krafft morreram. Estavam próximos um do outro, como sempre.
Confira o trailer de "Vulcões: A Tragédia de Katia e Maurice Krafft", e assista o documentário na Disney+:
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