A verdade por trás da tétrica prática ocultada por anos, que nem sempre ocorreu pela extrema necessidade
Caio Tortamano Publicado em 31/07/2020, às 06h00
Por mais que as forças militares do Japão soubessem dos controversos casos de canibalismo, foi somente em 1992 que um historiador japonês investigou pela primeira vez o canibalismo praticado por soldados do país durante a Segunda Guerra Mundial.
Toshiyuki Tanaka, da Universidade de Melbourne, fez uma pesquisa em arquivos australianos e revelou que em mais de 100 casos foram reportados que soldados do Japão Imperial comeram carne de tropas australianas, trabalhadores asiáticos e civis nativos de Papua Nova Guiné.
“Os documentos mostram claramente que o canibalismo foi praticado por todo um grupo de soldados japoneses, e, em alguns casos, eles não estavam nem morrendo de fome” afirmou Tanaka. Enquanto alguns usaram do artifício para efetivamente escaparem da fome, outras tropas eram orientadas a devorar seus adversários para sentirem na pele — ou no estômago— a vitória.
Em um comunicado secreto do exército imperial, datado de novembro de 1944, as tropas foram alertadas de que comer o corpo de um aliado seria passível de pena de morte. Outro arquivo encontrado por Tanaka detalhou o episódio vivido por um militar australiano num tribunal de guerra. De acordo com o sobrevivente, ele havia encontrado o corpo dilacerado de colegas, sobrando somente mãos e pés.
Outros relatos mais tenebrosos foram dados pelo prisioneiro de guerra indiano, Hatam Ali. O então colono do Reino Unido narrou a situação vivenciada enquanto estava em mãos imperiais japonesas. Ele afirmou que presenciou cerca de 100 dos prisioneiros serem selecionados para virarem comida às tropas.
Os sobreviventes foram enviados para outro campo de aprisionamento, a 80 km de distância do local onde estavam antes. Mesmo distantes do outro grupo canibal, a o ato macabro aconteceu novamente, e dessa vez os presos foram mutilados vivos e atirados para a morte numa vala.
O presidente do sindicato dos veteranos de guerra da Austrália, Bruce Ruxton, afirmou que o Japão ignorou esses fatos durante cinco décadas. Isso foi confirmado na pesquisa de Tanaka: ele tentou publicar diversas vezes o trabalho em seu país de origem, mas acabou sendo censurado com o argumento de que "se tratava de um tema sensível" para a população nipônica.
Ao fim da guerra, nem mesmo os governos americano e australiano quiseram dar luz ao fato pois também consideraram um tema delicado para as famílias dos devorados.
Todavia, após a guerra, alguns dos casos de canibalismo foram julgados, e o tenente-general Yoshio Tachibana foi julgado pela execução de aviadores americanos e a mutilação de, pelo menos, uma dessas vítimas.
O general ordenou que eles fossem decapitados, mas foi sentenciado pelos crimes de assassinato e prevenção a sepultamento honrado, uma vez que não existia uma lei contra o canibalismo.
Outro notório caso de canibalismo por parte dos japoneses envolveu o futuro presidente dos Estados Unidos, George H. W. Bush (George pai). Enquanto era aviador durante a segunda guerra, seu batalhão se perdeu numa ilha no Pacífico. Porém, Bush teve a sorte de cair em uma costa distante do local em que os americanos foram atacados, dando tempo para a sua fuga.
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