Durante anos acreditou-se que a soberana teria sido casada com o rei Eyamba. Entenda!
Redação Publicado em 19/06/2021, às 11h20 - Atualizado em 20/01/2023, às 10h47
Entre 1876 e 1901, o Reino Unido e a Irlanda estiveram sob o comando da Rainha Vitória. A Era Vitoriana, como ficou conhecida, foi um período de prosperidade econômica e maior expansão e domínio do Império Britânico.
Na Nigéria, a soberana chegou a 'conquistar um trono'. Segundo a jornalista e romancista nigeriana Adaobi Tricia Nwaubani, tal fato se deve a um mito criado entre o povo Efik do sul do país.
Na série da BBC internacional sobre cartas de escritores africanos, a jornalista descreveu a lenda de que a Rainha da Inglaterra teria sido casada com um dos reis do estado da África Ocidental.
Por meio de correspondências entre a Rainha Vitória e o Rei Eyamba, Donald Duke — que atuou como governador de Cross River, Calabar, entre 1999 e 2007 — realizou extensas pesquisas sobre a relação entre ambos soberanos. A partir disso, o povo pode compreender o contexto histórico e a origem do mito.
"Eu ouvi falar sobre isso pela primeira vez por volta de 2001, quando estava passando pelo museu e vi esta correspondência muito interessante entre a Rainha Vitória e o Rei Eyamba", explicou Duke, segundo o veículo.
Dada a localização privilegiada do grupo étnico Efik, por volta do século 19, o Rei Eyamba V de Duke Town e o Rei Eyo Honesty II de Creek Town estiveram à frente de negócios com os europeus. Tal fato impactou diretamente na cultura da região.
Em entrevista à BBC, Donald Duke revelou que os reis da região enriqueceram com o comércio de escravos. Eles atuavam como intermediários entre os comerciantes africanos e os mercadores europeus.
Estima-se que mais de 1,5 milhão de africanos tenham sido vendidos como escravos para trabalharem de forma forçada nas Américas. O diário datado do século 18, intitulado The Diary of Antera Duke, contém o relato de um sobrevivente que teria sido vendido como escravo por um comerciante africano.
Publicado em 1956, a obra foi encontrada em arquivos e apresenta detalhes minuciosos sobre o comércio que movimentou a economia da região.
No entanto, conforme os documentos divulgados pela BBC, mesmo após a abolição do comércio de escravos, pessoas negras continuaram a ser enviadas de forma ilegal para outros territórios. Fato que comprova a ligação da Rainha Vitória com os reis de Calabar.
A partir disso, os pesquisadores identificaram em uma carta da soberana ao Rei Eyamba, uma oferta de proteção a ele e ao seu povo. Na ocasião, a monarca assinou o documento como "Rainha Vitória, a Rainha da Inglaterra". Contudo, um intérprete local traduziu erroneamente como "Rainha Vitória, a Rainha de Todas as Pessoas Brancas".
O Rei Eyamba, por sua vez, assinou como, "Rei Eyamba, o Rei de Todos os Homens Negros". Além disso, dada a cultura patriarcal da época, ele teria decidido que só aceitaria a proteção de uma mulher caso se casasse com ela.
Em entrevista ao veículo, Charles Effiong Offiong-Obo, chefe efik e escriba do clã de Duke Town, revelou que a monarca não recusou explicitamente a intrigante oferta do rei. A rainha, por sua vez, teria apenas desejado boas relações comerciais entre ambos os reinos.
A resposta veio acompanhada de uma capa real, uma espada e uma Bíblia. Assim, o monarca teria entendido que aquela seria uma resposta para a proposta feita, originando a lenda.
A partir disso, o povo passou a acreditar que ambos soberanos teriam selado a união com o matrimônio. Acredita-se, ainda, que em um determinado momento do século 20, o grupo étnico Efik teria unido os tronos, fortalecendo assim, durante anos, o mito do casamento entre a Rainha Vitória e o Rei Eyamba.
Atualmente, algumas das cartas trocadas entre eles podem ser encontradas no Museu Nacional de Calabar. Já as outras correspondências foram vendidas a um colecionador, conforme revelou a BBC.
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