O marido de Elizabeth II, que veio à óbito na última semana, é centro de uma controvérsia antiga envolvendo o partido de Adolf Hitler
Alana Sousa Publicado em 12/04/2021, às 13h00 - Atualizado às 14h15
O mundo parou ao ouvir a notícia da morte do príncipe Philip, Duque de Edimburgo, na última sexta-feira, 9. O marido da rainha Elizabeth II veio à óbito aos 99 anos, devido a problemas de saúde que apresentava desde o início deste ano.
Ao ser confirmado o falecimento pelo Palácio de Buckingham, homenagens de diversos líderes mundiais começaram a repercutir e, inevitavelmente, a vida de Philip foi relembrada. Entre seus feitos como membro da família real britânica e seu legado para seus filhos, netos e bisnetos, alguns detalhes controversos também vieram à tona.
O nome de Philip foi bastante mencionado na década de 1990, principalmente quando associado ao nome de Diana, a falecida Princesa de Gales. Entretanto, as polêmicas do Duque de Edimburgo são ainda mais antigas e envolvem grande parte de sua família.
Nos últimos dias, uma questão voltou a ser debatida entre os críticos do príncipe e defensores da monarquia. Sabe-se que suas irmãs eram casadas com membros do partido nazista, em plena Segunda Guerra, mas o marido de Elizabeth II também era nazista?
Em 20 de novembro de 1947, ao se casar com Elizabeth, Philip contou com parte de sua família presente na cerimônia real, com exceção de suas irmãs. A ausência chamou atenção do mundo inteiro e a causa por trás disso chocou as pessoas.
A irmã de Philip, Sophie, era casada com Christoph de Hesse, diretor do Ministério das Forças Aéreas do Terceiro Reich. Os outros cunhados do príncipe não ocupavam cargos de tamanha importância como de Hesse, mas faziam parte de círculos aristocráticos alemães e eram membros do partido de Hitler.
Ainda assim, o Duque de Edimburgo lutou pelos Aliados na guerra e concordou em evitar a presença dos familiares no casamento — ainda que a o conflito tivesse terminado — para não interferir na reputação que a família real cuidadosamente tentava manter. Os esforços foram muitos, mas a fama de nazista também caiu para cima do príncipe.
Uma das evidências que, supostamente, comprovariam a ideologia de Philip seria uma foto em que ele está na presença de diversos nazistas. No entanto, a imagem remonta a 1937, no funeral de sua irmã Cecile que havia morrido em uma queda de avião.
Mesmo passado anos de sua adolescência na Alemanha, apenas suas irmãs eram declaradamente nazistas. Cecile chegou, até mesmo, a batizar seu filho como Karl Adolf, uma clara referência ao Führer.
Philip era um nome notável apoiador das causas judaicas, conforme enfatiza a agência internacional de notícias Jewish Telegraphic Agency. O marido de Elizabeth compareceu a inúmeros eventos para homenagear as vítimas dos terrores nazistas, chegando a dizer em discurso que “o Holocausto foi o evento mais terrível de toda a história judaica e permanecerá na memória de todas as gerações futuras”, segundo o JTA.
No ano de 1994, o príncipe foi o primeiro membro britânico a visitar Israel. Na época, o duque fora receber uma homenagem póstuma à sua mãe, Alice de Battenberg, reconhecida mundialmente por sua contribuição para salvar vidas judias durante a guerra.
Desde então, a reputação de nazista de Philip estava resolvida, afinal, não existem provas de que ele tivesse ligação com o partido de Hitler. Foi quando algumas informações mal interpretadas ressurgiram que a controvérsia ganhou novos patamares. Muito embora saiba-se que o britânico não era adepto ao nazismo, inocentá-lo de uma vida de comentários ofensivos e, muitas vezes, racistas, é incorreto.
Kehinde Andrews, professor da Birmingham City University, explica a dualidade do duque em entrevista à CNN, resumindo que “ele foi um retrocesso ao racismo da velha escola. Pintá-lo como um tio benigno e carinhoso da nação é simplesmente falso”.
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