Além de ter sido saqueada, a então capital brasileira apenas foi libertada depois de uma curiosa negociação
Isabela Barreiros Publicado em 19/03/2020, às 14h20
Em 1711, o Rio de Janeiro foi alvo de uma encruzilhada em busca de ouro orquestrada por franceses. A cidade tornou-se literalmente refém do corsário René Duguay-Trouin, que cobrou um preço muito caro para que a então capital do Brasil, apenas uma vila naquela época, com 12 mil habitantes, fosse libertada de seus homens.
A organização para o evento, que ficou conhecido como a Batalha do Rio de Janeiro, havia começado um ano antes, já em 1710. Naquele ano, o então rei da França, Luís XIV, aprovou que o plano fosse executado e disponibilizou 17 navios para o corsário. Além disso, forneceu também 738 canhões e 6.139 homens. O armamento para tal conflito, porém, não foi bancado pela coroa, mas sim por inúmeros financiadores privados, a exemplo do Conde de Toulouse, a quem Duguay-Trouin pediu ajuda enquanto estava na cidade portuária de Saint-Malo.
O contexto político da Europa também afetava as Américas, visto que suas colônias lidavam com as consequências das ações tomadas no velho continente. A Guerra da Sucessão Espanhola, na qual Portugal dava apoio à Espanha, também foi um dos motivos para o ataque. Após a morte do rei Carlos II, que não deixou herdeiros, o trono ficou em disputa, e temia-se que os Bourbon, da França, tivessem poder além de seu próprio território e comandassem os dois importantes reinos. A Inglaterra, rival da França, também entraria no combate.
Tudo isso fez com que fossem organizados ataque ao Brasil, colônia de Portugal, naquelas circunstâncias aliada da Espanha. Além disso, as embarcações de René Duguay-Trouin também tiveram de enganar a Marinha Britânica, que os vigiava. Eles partiram em navios de aparência diferente e em horários distintos para que não parecesse que eles tinham como destino o Rio de Janeiro.
Os britânicos, porém, entenderam o plano e tentaram avisar os portugueses na capital brasileira. Além de enviarem uma carta ao governador, um de seus barcos conseguiu fazer a travessia do Atlântico mais rapidamente e conseguiu chegar a tempo de avisá-los no Rio. Ainda assim, os portugueses não estavam prontos para lidar com o ataque.
No entanto, mesmo que tivessem sido avisados, eles não conseguiram proteger as fronteiras da cidade. Não sendo capazes de oferecer resistência à invasão, o governador Francisco de Moraes de Castro assistiu o local ser atacado, mesmo que suas tropas estivessem em vantagem numérica.
O ataque ocorreu no dia 21 de setembro de 1711. Ao fazer a capital brasileira de refém, os franceses praticamente sequestraram a cidade. Adentrando pela Baía de Guanabara, Duguay-Trouin ameaçou atear fogo na vila, saquear todas as riquezas do local e ainda destruir as casas dos que ali moravam. Com medo de tais atitudes acontecerem realmente, os portugueses pagaram o alto preço cobrado. Ainda que não por completo. Quatro importantes embarcações portuguesas também foram perdidas.
Para abandonar o local “pacificamente”, seria necessário que o governador pagasse o equivalente a 2 milhões de libras francesas, um altíssimo custo para a época. Como não tinham todo esse dinheiro, negociaram por semanas — e ainda não pagaram tudo. Mesmo que tivessem prometido não atacar a cidade, os franceses saquearam a região. Como resultado disso, obtiveram 600 kg de ouro, 610 mil cruzados, 100 caixas de açúcar, 200 gados, além de pessoas escravizadas e diversos outros itens de importância.
O ataque foi um sucesso para a coroa francesa. Rendendo quase 100% de lucro aos que participaram, ao rei e também aos acionistas, a operação terminou com muito dinheiro e uma sensação de dever cumprido para o corsário. Acredita-se que o valor exato tenha sido 92%. Duguay-Trouin, ainda, era quase um especialista em saques. Até 1709, ele já havia sido responsável pelo roubo de mais de 300 navios mercadores, além de 20 embarcações de guerra.
A vila do Rio de Janeiro sofreu muito com o saque feito por Duguay-Trouin e seus homens. Durante os intensos bombardeiros, muitas pessoas ficaram feridas ao longo do conflito e várias delas perderam produtos importantes para suas rendas, além de terem suas casas, muitas vezes, destruídas.
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