O ponto de comércio já passou por muita coisa antes de se transformar no local que conhecemos hoje
Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 25/03/2021, às 08h45 - Atualizado às 11h36
É raro encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar sobre a 25 de março. Isso porque essa é uma das ruas mais famosas de São Paulo, sendo conhecida inclusive por brasileiros de outros estados, uma vez que é um forte ponto de atração para turistas.
A rua é um paraíso em compras para consumidores que buscam uma variedade de produtos diferentes com preços em conta, que podem ser encontrados tanto nas lojas quanto junto aos inúmeros vendedores ambulantes.
Mas o que aconteceu de tão importante na data que nomeia um dos pontos de comércio mais procurados do país?
A resposta está intimamente conectada à nossa História nacional: 25 de março foi o dia em que Dom Pedro I outorgou a primeira Constituição Brasileira, um documento fundamental para um país que estava no processo de se tornar independente, e que passaria 67 anos em vigor antes de ser substituído.
Era então o ano de 1824, e o imperador havia dado seu famoso grito de “Independência ou morte!” às margens do rio Ipiranga apenas dois anos antes.
Segundo o site Toda Matéria, a nova Constituição instalava, entre outros elementos, o voto censitário e a existência de quatro poderes, com os três primeiros sendo Executivo Legislativo e Judiciário, que ainda temos hoje, e o quarto sendo o extinto Poder Moderador, que era exercido somente pelo imperador, e tinha autoridade para interferir nos outros.
A via só foi batizada com a data histórica em 1865, segundo revelado pelo pesquisador Lineu Francisco de Oliveira em sua obra “Mascates e Sacoleiros”, e repercutido pelo site da prefeitura de São Paulo. Já fazem, portanto, 156 anos que a rua tem esse nome. Antes disso, a 25 de março teve outros nomes, como rua Várzea do Glicério, rua das Sete Voltas e rua de Baixo, só para dar alguns exemplos.
Contudo, a mudança final ocorreu no fim do século XIX, após uma enchente particularmente devastadora, que levou consigo dezenas de casas. Isso porque na época o rio Tamanduateí ainda margeava a rua - inclusive, ele dava sete voltas no decorrer de seu percurso, o que foi a inspiração por trás de um dos nomes da via.
Durante a época de chuvas de 1850, infelizmente, o rio acabou transbordando e gerando estragos que marcaram a História de São Paulo. Atualmente, o corpo d’água foi canalizado, fazendo com que seu caminho seja mais linear, e consequentemente também afastando-o da via.
Ainda de acordo com o site da prefeitura da cidade, o local de onde a água foi drenada é hoje chamado de baixo de São Bento.
No passado, o canal era usado inclusive para transporte de mercadorias pelos comerciantes majoritariamente de origem árabe que viviam ali, com a presença do chamado Porto Geral ao fim da sétima volta do rio. A Ladeira Porto Geral é atualmente uma das travessas famosas da via, de certa forma ainda preservando sua importância.
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