Wilder, de dois anos, foi levado pelo pai na penosa trajetória tomada por aqueles que tentam cruzar a fronteira do México com os Estados Unidos, mas as coisas não ocorreram como planejado
Ingredi Brunato, sob supervisão de Alana Sousa Publicado em 13/07/2021, às 17h00
Quando o Instituto Nacional de Imigração (INI) encontrou Wilder, de apenas dois anos de idade, ele estava sem camisa na beira de uma estrada no México e, do seu lado, estava o cadáver de um jovem de 25 anos.
Era o fim de uma jornada infernal para o menino, uma que ele começara na companhia de seu pai, e que tinha como destino final os Estados Unidos. Os dois eram parte dos muitos imigrantes que tentam cruzar a fronteira em busca de uma vida melhor todos os anos.
A família morava no município de Santa Rita, em Honduras, um país da América Central. A área é abatida pela pobreza e ainda sofre com a destruição que foi causada pela passagem de dois furacões em 2020.
"Vimos que muitas pessoas estão passando com crianças”, comentou a mãe de Wilder, García, segundo divulgado pela BBC News. O fato lhes deu esperança.
“Aqui não dá para se sustentar. Quando há trabalho, meu marido ganha cerca de 100 pesos (R$ 21). Ele não trabalhava todos os dias, só quando tinha trabalho", completou ela.
A última vez que a matriarca ouviu notícias do marido e do filho, eles estavam cruzando a fronteira da Guatemala. Seu próximo contato veio através das autoridades que encontraram o menino de dois anos. A esse ponto, todavia, ele estava sozinho — havia se separado do pai em algum momento da viagem.
Wilder também tinha passado pela experiência traumática de ser transportado na traseira de um caminhão-baú, um espaço claustrofóbico que é geralmente usado para levar mercadorias, não contando com ventilação. A situação ficava ainda mais extrema pela superlotação do local, o que fazia com que as pessoas ali logo começassem a passar mal.
"[Os imigrantes] relataram que, horas antes, vários de seus companheiros e companheiras de viagem começaram a desmaiar por falta de ar e calor. Outros exigiram, gritando e batendo nas paredes do veículo, que o motorista parasse. Depois de um tempo, o transporte parou e um dos 'coiotes' ou supostos 'guias' abriu uma das portas, pela qual homens e mulheres começaram a pular e correr até o matagal", relatou um representante do INI, ainda segundo a BBC.
Foi ali que o garoto hondurenho foi encontrado, próximo ao corpo sem vida de um jovem que tinha por volta de 25 anos, e também estava tentando cruzar a fronteira.
Conforme repercutiu o INI, quando os agentes chegaram ao local ainda haviam oito imigrantes lá, todos sofrendo com “sintomas de desidratação e sufocamento”. Muitos estavam desmaiados dentro do veículo ou na própria estrada.
García pediu que seu marido não fosse deportado de volta para Honduras com o filho — caso contrário, todo aquele tormento teria sido por nada.
"Espero que eles ajudem meu marido a passar (a fronteira)”, afirmou a mãe em desespero, conforme divulgado pela BBC. "Que me ajudem a levar meu filho com meu marido para lá, juntos. Mas não só meu filho. Se não for possível, que me devolvam meu filho", concluiu.
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