Paixões à primeira vista, amores não correspondidos e finais mais ou menos felizes, os romances dos soberanos do czarismo beiravam a narrativas novelescas
Isabela Barreiros Publicado em 22/03/2020, às 10h00
Foi amor à primeira vista. Quando Nicolau II e Mathilde Kschessinska se encontraram em um jantar de gala organizado pelo então imperador Aleksandr III, os dois se apaixonaram e iniciariam um romance que duraria ao menos quatro anos.
O relacionamento entre os dois, porém, era o típico caso proibido. Mathilde estudava coreografia em uma escola russa, e viria a se tornar uma das mais importantes bailarinas do país. Já Nicolau estava se preparando para se tornar o líder máximo do país, portanto, não deveria casar-se por amor, mas por compromissos políticos.
E assim aconteceu. Pouco tempo depois do término do casal, o filho de Aleksandr III tornou-se o grande czar e uniu-se em matrimônio com Alexandra Feodorovna em 1894. O casamento duraria até a execução em 17 de julho de 1918, em que Nicolau e sua família foram fuzilados em Ecatemburgo, por tropas bolcheviques, após a Revolução Russa.
Mas histórias de amor não faltam na história imperial russa. Muitos homens se apaixonaram loucamente por mulheres e deram tudo o que podiam — e até mais — para suas amadas, no intuito de provar seu sentimento tão verdadeiro.
Amor não — tão — correspondido
Paulo I foi um czar russo que governou de 1796 até ao seu assassinato. Sua vida amorosa seguiu um rumo não menos trágico, porém.
O homem era completamente apaixonado por Anna Lopukhina. Ela foi sua principal amante durante muito tempo, e teve uma vida repleta de agrados nesse período. Como Paulo a endeusava, quase tudo o que era feito pela corte tinha a intenção de satisfazê-la.
Por exemplo, o imperador sabia que a cor favorita de Anna era um tom de rosa que lembra a fruta framboesa. Assim, ordenou que seus guardas oficiais usassem uniformes dessa cor de preferência da moça. Além disso, fez com que o castelo real fosse pintado da mesma cor das as luvas da mulher.
Outra prova de amor feita por Paulo na corte russa foi cancelar uma proibição já existente nos castelos. A valsa era banida do local, mas o czar, como autoridade máxima, decidiu suspender tal lei unicamente devido ao gosto de sua amante pela dança. Ele até mesmo incentivou a prática em seus bailes.
No entanto, nem tudo eram flores. Quando Anna revelou ao czar que estava apaixonada por outro homem, Paulo não teve outra atitude senão organizar o casamento entre a moça e seu amado, o príncipe Gagárin. Ela continou tendo seu próprio espaço na residência do rei até seu assassinato.
Traição e diferença de idade
Era muito comum que membros da monarquia mantivessem relações fora de seus casamentos — normalmente — arranjados. O avô de Nicolau II, Alexandre II, porém, conseguiu se casar com sua amante Catarina Dolgorukov após a morte de sua esposa Maria Alexandrovna, em 1880.
Os dois se conheceram quando a moça tinha apenas 18 anos, sendo ele 28 anos mais velho que ela. A diferença de idade, no entanto, não fez com que o czar se afastasse da jovem, e os dois ficaram juntos por pelo menos 15 anos.
Mesmo que ainda estivesse casado com Maria, Alexandre organizou a mudança de Catarina para seu Palácio de Inverno, onde ela recebeu um aposento próprio. Os dois trocaram por volta de 6 mil cartas enquanto ela ainda não havia ido para o castelo do imperador.
Quando se casaram, com a morte da esposa do czar, Alexandre reconheceu oficialmente os quatro filhos que já tinham juntos. Todos eles receberam o mesmo sobrenome que a moça, que recebeu o título de Princesa Iurievskaia. Ainda assim, a história do casamento não iria durar pois, apenas alguns meses depois, o rei morreu após um atentado. Catarina não se casou novamente.
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