O corpo de James Bedford já aguarda há 56 anos para ser ressuscitado, mas, até o momento, a ciência relativa à criogenia humana é inconclusiva
Redação Publicado em 20/12/2019, às 09h00 - Atualizado em 09/11/2023, às 15h40
Em janeiro de 1967, o professor norte-americano James Hiram Bedford, que ensinava psicologia na Universidade da Califórnia, pereceu em decorrência de um câncer nos rins que havia recentemente feito metástase em seus pulmões.
O homem tinha então 73 anos de idade, e queria viver mais do que a condição com a qual fora diagnosticado permitiria. Ele se tornou o primeiro homem a ser criopreservado, isso é, ser congelado após a morte na esperança de que ser ressuscitado pela ciência no futuro.
Um detalhe curioso é que a Life Extension Society (em tradução livre, Sociedade de Extensão da Vida), que foi a primeira organização criônica do mundo, se ofereceu para financiar a criopreservação do primeiro voluntário.
Apesar disso, Bedford destinou em seu testamento um total de 100 mil dólares para os cientistas do órgão a fim de que fosse realizada a manutenção de seu congelamento. Vale mencionar, aliás, que muitos membros de sua família se opuseram ao destino pouco convencional dos restos mortais do homem, de forma que a ex-esposa e filho dele precisaram lutar na Justiça para fazer seu último desejo ser respeitado.
Quando James veio a óbito devido à sua doença terminal, foi iniciado imediatamente o processo de preservação de seu corpo. Seu coração foi mantido funcionando artificialmente através de massagem cardíaca, por exemplo.
Já ao chegar nas instalações onde seria congelado, o professor recebeu uma injeção de dimetil sulfóxido — uma substância solvente cujo objetivo era impedir a necrose de seus órgãos e tecidos —, e depositado em uma caixa de isopor com gelo seco.
A seguir, foi enfim mergulhado em um tanque de nitrogênio líquido, onde permanece até hoje, dado que nossos cientistas ainda não são capazes de reviver indivíduos falecidos.
A localização do tanque, por outro lado, mudou várias vezes durante os primeiros anos. Isso, pois, à medida que empresas de criogenia humana faliam, elas repassavam suas posses para outras companhias. De 1982 para cá, por sua vez, está com Fundação Alcor de Extensão da Vida.
Segundo informações divulgadas pelo portal Quartz, não existe certeza a respeito do estado dos restos mortais de James Bedford após mais de meio século, ainda mais quando se leva em consideração que as técnicas usadas para preservá-lo eram mais rudimentares que as que são empregadas hoje por empresas de criogenia humana.
56 anos depois do primeiro homem ser criopreservado, a prática pode ter se tornado mais famosa, com centenas de outras pessoas seguindo os passos de Bedford, porém a ciência ao seu redor prossegue inconclusiva. Não existe previsão para quando seríamos capazes de trazer humanos de volta à vida, ou se isso sequer será possível em algum momento.
[R]eanimação…é uma esperança abjetamente falsa que está além da promessa da tecnologia e certamente é impossível com o tecido morto congelado oferecido pela indústria da 'criônica'”, afirma Michael Hendricks, neurocientista do Massachusetts Institute of Technology (MIT), ainda de acordo com o Quartz.
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