Em uma situação muito similar a atual, uma aeronave civil foi derrubada em solo iraniano, mas dessa vez pelos Estados Unidos, em 1988
Caio Tortamano Publicado em 13/01/2020, às 16h30
Em meio aos conflitos entre Irã e Estados Unidos, o presidente americano Donald Trump ameaçou — logo após o assassinato de Soleimani — destruir 52 alvos iranianos. O número não foi a toa, e faz referência aos 52 americanos feitos reféns na embaixada dos Estados Unidos em Teerã no ano de 1979.
Como resposta, o presidente do Irã, Hassan Rouhani, pediu ao presidente americano para que se lembrasse de outro número significativo: 290. A referência de Rouhani relembra de outro triste episódio ocorrido no país em 1988, a queda do avião Iran Air 655.
A aeronave foi derrubada por forças americanas ainda em território islâmico. Quando o Iran Air decolou com 274 passageiros e 16 tripulantes, foi detectada por um radar americano. Não recebendo nenhuma resposta do suposto veículo hostil, dois mísseis foram utilizados para derrubar o avião e matar as 290 pessoas a bordo.
Por mais que as investigações não tenham sido totalmente conclusivas, o caso recente da aeronave comercial ucraniana abatida por um míssil antiaéreo do Irã traça um paralelo quanto ao impacto que a população de um país sofre quando está em conflito com uma megapotência.
A revelação da responsabilidade do Irã pela morte de 176 pessoas a bordo do avião ucraniano desestabilizou o sentimento de união trazido com a morte do general Qassim Soleimani. Pessoas estão pedindo a renúncia do aiatolá Khamenei, líder supremo do Irã, uma vez que o país sabia que, desde o momento da queda, havia cometido um erro.
Logo após a queda do Iran Air 655, o presidente dos Estados Unidos na época, Ronald Reagan, lamentou o ocorrido e ofereceu suas condolências aos passageiros, tripulação e famílias envolvidas no que ele considerou uma “tragédia humana terrível”.
Para Reagan, entretanto, o Irã foi tão responsável quanto os americanos, pois a aeronave não respondeu aos pedidos de identificação dos militares antes da derrubada do avião e porque ela sobrevoava uma área de conflito entre embarcações dos dois países.
O governo iraniano parava embarcações que estavam, supostamente, ligadas ao Iraque, apoiado pelos Estados Unidos na época. Enquanto isso, navios de guerra dos EUA protegiam rotas marítimas fundamentais para a passagem de petróleo.
O Iran Air decolou de um aeroporto muito próximo dessa área, e foi vítima da insegurança alimentada por um conflito internacional. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos chegou a sugerir que o Irã dividisse a responsabilidade pela tragédia pelo fato de que o jato comercial sobrevoou uma zona de conflito.
Algum tempo depois, uma agência da ONU apontou que, na realidade, os Estados Unidos não se preocupavam tanto assim com aeronaves civis que sobrevoassem a zona de conflito, por conta da falta de equipamentos que pudessem distinguir aviões civis de militares.
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