Atacado em sua residência, o cantor de reggae mais famoso do mundo quase levou um tiro no coração. Entenda!
Joseane Pereira Publicado em 03/12/2019, às 08h00
Durante os anos 70, a Jamaica vivia um período de desordem política e social. Longe de ser uma pacata ilha do Caribe, o local era comandado por pistoleiros e traficantes, e os dilemas políticos estavam mergulhados na Guerra Fria. Michael Manley, primeiro-ministro socialista, tentava a reeleição enfrentando Edward Seaga, supostamente ligado aos Estados Unidos e à CIA.
Nesse contexto, Bob Marley despontava como um ícone com poder de mobilizar multidões de eleitores, influenciando o destino político do país.
REGGAE: FORÇA DISPUTADA
"Foi a época mais violenta que o país viveu, e Marley era praticamente a única força que poderia unir os dois grupos", afirmou o escritor jamaicano Marlon James. O reggae tinha virado um símbolo popular do país, e o cantor era adorado quase como um líder espiritual.
Foi então que o governo de Manley o convenceu a fazer um show gratuito na capital Kingston, no dia 5 de dezembro, em um evento chamado Smile Jamaica. Apesar de ter uma grande desconfiança com políticos, Bob Marley aceitou a proposta, o que faria com que ele fosse inevitavelmente associado à campanha de reeleição do candidato.
O ATAQUE
Na noite de 3 de dezembro, sete homens armados invadiram a residência de Marley. No pátio da casa eles encontraram Rita Marley, esposa do cantor, e deram um tiro em sua cabeça. Enquanto três deles cercavam a casa, os outros invadiram a cozinha onde o cantor preparava uma salada de frutas com integrantes de sua banda, o The Wailers.
O que ocorreu ficou descrito pela jornalista britânica Vivien Goldman como uma “cena de fuzilamento em câmera lenta”. Eles dispararam contra os músicos, cujo sangue atingiu as paredes e formou poças no chão. Um dos assassinos mirou no peito de Marley e apertou o gatilho.
"É um mistério como esses homens, que talvez tenham cometido o crime mais temerário e doloroso da história da Jamaica, simplesmente desapareceram", afirmou o escritor Marlon James em seu livro Uma breve história de sete assassinatos. Entretanto, apesar de terem disparado mais de 80 tiros, surpreendentemente ninguém morreu.
DESFECHO INESPERADO
A bala atirada em Marley atravessou seu peito e se alojou no braço esquerdo. Seu agente Don Taylor se jogou sobre ele, e apesar de ter levado cinco tiros no abdome, também sobreviveu. Mas o que mais surpreendeu foi o caso de Rita Marley, cuja bala disparada ficou presa entre seu couro cabeludo e crânio.
Segundo o cantor, eles teriam sobrevivido graças ao espírito do imperador da Etiópia, Haile Selassie, que havia morrido no ano anterior. Para os rastafáris, Selassie era a encarnação de Deus.
Com curativos no peito e braço, Marley se apresentou para a multidão de 80 mil pessoas dois dias após o ataque, indo viajar para os EUA e Londres logo depois. A Jamaica nunca mais seria um lar reconfortante novamente.
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