Evo Morales foi o primeiro presidente indígena do país
Redação Publicado em 22/01/2021, às 08h30 - Atualizado às 09h15
Neste dia, 22 de janeiro, no ano de 2006, há 17 anos, assumia a posse o primeiro presidente indígena da Bolívia. Ativista, cocaleiro e sindicalista, Evo Morales se mostrava como parte da mudança de ares da América Latina. A Guinada à esquerda, também conhecida como onda rosa, tomou o continente entre as décadas de 1990 e 2010.
Líderes ligados à esquerda e ao reformismo no geral foram eleitos em muitos países na América do Sul durante aquele período. No Brasil, por exemplo, Lula assumiu em 2003. Na Venezuela, isso aconteceu um pouco antes, com Hugo Chávez subindo ao poder em 1999. Na Bolívia, Evo foi a figura chave.
No ano de 1995, ele apareceu como candidato a deputado nacional, sendo eleito para o Congresso dois anos depois. Como líder do partido Movimento pelo Socialismo (MAS), em 2002, se lançou à presidência pela primeira vez. No entanto, na verdade, ele não era um desconhecido nos meios de luta política: por muito tempo, esteve no sindicalismo.
Morales nasceu e cresceu em uma família de agricultores no pequeno vilarejo rural de Isallawi, no oeste da Bolívia. Ele auxiliava seus pais nas plantações, colhendo as safras, sendo também responsável por guardar o rebanho de lhamas e ovelhas da família, já desde muito novo.
Já em sua juventude, prestou o serviço militar obrigatório do país, mas, ao retornar para sua família, não voltou para Isallawi. Na década de 1980, o fenômeno El Niño estava assolando a região, causando estragos principalmente na área em que eles viviam. Eles precisaram se mudar para o Trópico de Cochabamba para fugir da devastação causada pelo evento climático.
A região é amplamente conhecida por sua produção de coca, uma planta medicinal nativa do país e do Peru. O maior problema foi a transformação dela em droga: quando a política da Guerra às Drogas do governo dos Estados Unidos passou a operar, com o aumento do envio de drogas ao país, quem sofreu mais foram os cocaleiros.
Eles enviavam tropas para queimar as plantações, acabando com a forma de sustento de inúmeras famílias. Foi aí que Evo passou a ter uma vida ligada à política, ligando-se ao sindicato de cocaleiros da região em que vivia. Depois do envio das tropas, ativistas passaram a afirmar: "Viva a coca! Morte aos ianques!" em um ato anti-imperialista.
Evo foi secretário-geral de seu sindicato, deputado nacional e, enfim, presidente. Isso depois de ter falhado na primeira vez que se candidatou ao cargo, ficando em segundo lugar.
Em 2006, ele se tornou o primeiro presidente indígena a assumir a presidência, e carregou consigo sua trajetória como ativista cocaleiro. Em sua campanha e seu governo, afirmava que lutaria pelos direitos dos plantadores de coca.
Durante o seu mandato, que continuou após ele ser eleito novamente para governar o país de 2009 a 2014, estabeleceu uma nova constituição — que declarou a Bolívia como “plurinacional”, abarcando os grupos étnicos do país —, combateu a pobreza e propôs programas sociais.
Durante o período que foi presidente, entre 2006 e 2018, a pobreza extrema da Bolívia caiu de 38% para 17%. Um processo de renacionalização das indústrias de petróleo e gás também foi colocado à tona no país, seguindo o anti-imperialismo colocado como parte do socialismo de Morales.
Muitos consideraram as propostas do presidente radicais. Alguns escândalos de corrupção aconteceram. No entanto, foi em 2019, quando ele foi eleito para o seu quarto mandato, que ocorreu o maior dos problemas. Naquele momento os questionamentos internacionais da validade das eleições determinaram um período conturbado no país.
Em apenas três semanas, o ex-presidente da Bolívia foi eleito, acusado de ter roubado as eleições, renunciou sua posição e afirmou a todos que seu país havia passado por um golpe de Estado. Evo abandonou o cargo depois de13 anos no poder, foi para o México, onde ficou mais ou menos um mês e depois passou seu exílio político na Argentina. Esse processo durou um ano.
Em 2020, o partido de Morales, o MAS, venceu nas urnas, dessa vez com Luis Arce. Com isso, ele pôde finalmente voltar à Bolívia, assumindo a liderança do Movimento ao Socialismo assim que retornou, em novembro do ano passado.
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