A missão Red Bull Stratos, em 2012, bateu quatro recordes mundiais além de contribuir na prática para solucionar dúvidas científicas
Wallacy Ferrari Publicado em 14/10/2020, às 09h51 - Atualizado em 11/03/2022, às 11h00
Em 2007, a marca de energéticos Red Bull decidiu usar sua força em esportes radicais para expandir os negócios. Com o auxílio da base jumper austríaco Felix Baumgartner e uma equipe de cientistas espaciais de diversas instituições (NASA, FAI e USAF), a nova missão da marca visou as alturas.
Os trabalhos com Felix iniciaram em 2007, com um longo acompanhamento físico e psicológico para vencer sua claustrofobia, além de treinos para saltos de paraquedas e base jumping.
A missão, inicialmente, não era tão arriscada; seria apenas o salto de paraquedas mais alto já registrado, relatado publicamente pela primeira vez em 2010.
O salto estratosférico só foi confirmado pela empresa em outubro do mesmo ano, sendo adiado após um processo judicial de um homem que alegou ter tido a mesma ideia em 2004 — posteriormente resolvido extrajudicialmente.
No início de 2012, o projeto não apenas foi anunciado como retomado, mas já iniciou com testes físicos do austríaco, saltando de distâncias menores.
Além do óbvio risco de morte pela possível colisão com o solo, o salto da estratosfera era repleto de riscos letais; visto que o ambiente acima da órbita tem pouquíssima presença de oxigênio somado a baixas temperaturas, a preocupação com a roupa espacial deveria priorizar a entrada de ar ao atleta, além de proporcionar a temperatura necessária para a reentrada. Se tais fatores não fossem resolvidos, Felix poderia morrer asfixiado ou congelado.
Porém, a roupa também deveria ser resistente, pois qualquer saída de ar resultaria em uma embolia gasosa, que formaria bolhas de gás no sangue — mesmo fator que resultou na morte instantânea dos membros da missão Soyuz 11.
Além disso, se perdesse controle do corpo no voo, poderia girar proporcionando desmaio durante a queda ou até mesmo o rompimento do tronco encefálico.
Por motivos mais bobos, até mesmo o vômito poderia ser um vilão na queda; se o enjoo fosse insuportável, a sujeira poderia comprometer todo seu campo de visão, impossibilitando a orientação espacial.
Com todos os fatores, uma roupa de 13 quilos — que levava duas horas para ser colocada e conferida — foi desenvolvida para acoplar o oxigênio, sistemas de segurança, localização, paraquedas e até câmeras.
Supervisionado pelo coronel da USAF Joseph Kittinger — que quebrou o recorde de salto mais alto em 1960 — Baumgartner recebeu as orientações do experiente oficial no controle da missão.
Inicialmente, o salto era previsto para 9 de outubro, mas as condições meteorológicas causaram o adiamento até o dia 14. Por mais de duas horas, o austríaco esteve dentro da capsula de 1,3 toneladas até atingir 38.969 metros de altitude.
Ao atingir a altura máxima, Felix posicionou o corpo para fora da capsula, pulando tranquilamente em um dos saltos mais impressionantes da história.
Apesar de não ter batido o recorde mundial de mais tempo em queda livre com 4 minutos e 19 segundos — 17 segundos a menos do que o estabelecido anteriormente — o rapaz foi o primeiro a romper a barreira do som em queda livre, atingindo aos 40 segundos a velocidade máxima de 1357,6km/h.
Também percorreu a maior distância vertical já vista e também realizou o maior alto pulo de paraquedas da história.
Até mesmo sua transmissão se tornou um recorde na época; 8 milhões de pessoas assistiram o vídeo. O salto todo durou pouco mais de 9 minutos, com Felix, aos 42 anos de idade, pousando com sucesso — descendo em pé e sorridente.
Veja o vídeo do momento icônico abaixo.
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