A polícia descobriu um documento que relatava 30 canções desconhecidas do cantor; um produtor musical, no entanto, alegou que isso era "fruto de uma falha de comunicação"
Isabela Barreiros Publicado em 06/12/2020, às 08h00
O pós-morte de um artista quase sempre é repleto de confusão, seja por herança, propriedades, legado e até mesmo por músicas inéditas. Muitos cantores tiveram músicas lançadas somente após terem falecido, como foi o caso de Michael Jackson, por exemplo. No Brasil, uma recente investigação no Rio de Janeiro está chamando a atenção.
No final de outubro deste ano, o jornal O Globo informou que policiais da DRCPIM (Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial), cumpriram mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro para encontrar possíveis obras inéditas do cantor e compositor Renato Russo, que foi vocalista da banda Legião Urbana.
A operação que começou a dar seus primeiros passos naquele dia já não era recente. A situação estava sendo investigada há mais de um ano, quando filho do intérprete, Giuliani Manfredini, que também detém os direitos autorais de seu pai, fez uma denúncia sobre um perfil fake na internet que dizia possuir músicas inéditas de Renato.
Com o procedimento realizado, foi anunciado, então, que os oficiais encontraram um documento que fazia alusão à existência de pelo menso 30 músicas que não haviam sido divulgadas anteriormente. Supunha-se que eram canções inéditas gravadas pelo artista durante a sua vida, não conhecidas pelo público.
Ao jornal O Globo, o delegado do caso, Mauricio Demétrio, afirmou na época: “Há indícios de que a denúncia feita pelo filho de Renato Russo estava correta e que há mesmo versões de músicas inéditas. Vamos agora analisar este material. Foi importante diligência realizada hoje. Foi possível arrecadar elementos de provas cruciais para a continuidade da investigação e esclarecimento total dos fatos”.
O relatório foi apreendido por meio da operação de nome “Será”, que faz alusão a uma canção do grupo que leva o mesmo nome. Os policiais procuraram pelos arquivos em três lugares diferentes: em dois estúdios de gravação, que foram anteriormente usados por Russo, e na residência de um produtor musical, todos no Rio de Janeiro.
“O cumprimento do mandado de busca e apreensões foi altamente produtivo e conseguimos provas robustas, que em breve vão ajudar a esclarecer toda a verdade sobre o que estava acontecendo. Tem pelo menos 30 músicas em versões inéditas”, disse Demétrio.
Ele também afirmou: “Foi feito um serviço, a pedido de uma gravadora, e há menções de canções e versões de canções inéditas. E a gente tem que confrontar o dono do direito autoral, que é o filho do Renato Russo, para ver se ele tinha conhecimento desse material que está no caixa-forte de uma gravadora”.
No entanto, essa “descoberta” gerou controvérsias. Afirmou-se que alguns dos materiais encontrados durante a operação eram, na verdade, versões inéditas de canções de sucesso que já haviam sido gravadas pelo grupo Legião Urbana. Não seriam, de fato, canções desconhecidas do público. Para Marcelo Fróes, responsável por muitos projetos de músicas póstumas de Russo, isso foi "fruto de uma falha de comunicação".
"É fundamental que as pessoas entendam a diferença entre música inédita, aquela totalmente nova, que ninguém nunca ouviu, e gravação inédita, que é a música já conhecida, gravada de uma forma diferente", conta. "Se falarmos em gravações de músicas já conhecidas, posso afirmar que existem muito mais do que 30 inéditas. Há muito material guardado, que também tem um altíssimo valor histórico."
Ele afirmou que ele entregou à família do artista um documento que informava todos os conteúdos musicais de Renato que haviam sido encontrados tanto na gravadora quando em seu acervo pessoal. Mas nada de músicas inéditas. "Até porque, se existissem, já teriam sido lançadas no passado”, explicou.
Para comentar o caso, Carlos Trilha, produtor que trabalhou com o cantor, também foi consultado pelo O Globo. Segundo ele, é possível que tenham sido encontradas remixagens e versões diferentes das lançadas — partes inacabadas de canções já conhecidas.
"Lembro de, em uma ocasião, o Marcelo [Fróes] me falar que seria legal dar essas letras para artistas consagrados finalizarem. Eu não acho legal. Alguns desses artistas, o Renato nem gostava”, disse.
A operação continua em ativo, na tentativa de entender o que eram aquelas músicas apontadas no relatório descoberto nos estúdios. Não foram divulgadas atualizações do caso.
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