"Meu filho é o único problema que permanece sem solução", escreveu o físico em uma correspondência
Redação Publicado em 05/04/2020, às 09h00
A biografia do famoso cientista Albert Einstein possui algumas lacunas e, ainda, histórias que ele provavelmente não quisesse que viessem à tona. Antes da fama, por medo da família e da sociedade, o físico e sua futura primeira esposa, a estudante Mileva Marić, abandonaram sua primeira filha. Por muito tempo, o destino de Lieserl, nascida no começo de 1902, permaneceu um mistério.
Segundo Walter Isaacson, autor de "Einstein, Sua Vida, Seu Universo", só existe uma pista sobre o destino de Lieserl, e ela está presente nas correspondências trocadas pelo casal. “Há uma indicação cifrada de que a responsável pela custódia tenha sido uma amiga íntima de Mileva, Helene Savic”, afirma Isaacson. No entanto, a controversa trajetória dos herdeiros de Einstein não termina aí — o terceiro filho do físico com Marić também teve uma vida difícil.
Eduard Einstein nasceu em Zurique, na Suíça, em 1910. Desde o começo, o garoto já apresentava alguns sintomas do que iria se tornar uma doença psicológica. A família se mudou para Berlim, em 1914, e pouco tempo depois, o casal se separou, fazendo com que Marić retornasse a Zurique com Eduard e seu irmão mais velho, Hans Albert.
Apesar dos problemas, Eduard conseguiu entrar na universidade, com a intenção de se tornar psiquiatra. Grande admirador de Freud, queria seguir o mesmo caminho e se especializar na área. Porém, isso não chegou a acontecer: aos seus poucos 20 anos, o jovem foi diagnosticado com esquizofrenia e rapidamente internado em uma clínica psiquiátrica em Zurique.
Einstein se casou novamente em 1919. Quando seu filho foi institucionalizado no manicômio, foi visita-lo apenas uma vez — depois disso, quando se mudou para os Estados Unidos, em 1933, devido à ascensão do regime nazista na Alemanha, nunca mais o viu. Alguns biógrafos do cientista afirmam que, durante uma crise, Eduard havia dito ao pai que o odiava.
"Meu filho é o único problema que permanece sem solução", escreveu Einstein em uma correspondência. Enquanto o jovem passava de clínica em clínica em Zurique, acompanhado apenas de sua mãe e irmão mais velho, o cientista passava a ficar cada vez mais famoso.
Acredita-se que os tratamentos utilizados na época para trata-lo mais pioraram sua situação do que ajudaram. As drogas e curas teriam danificado ainda mais a mente de Eduard, que não apresentou melhoras durante suas inúmeras e longas internações. Segundo Hans Albert, a terapia eletroconvulsiva utilizada em seu irmão teria afetado fortemente sua memória e habilidades cognitivas.
O cálculo é de que ele tenha passado pelo menos 3 décadas dentro de instituições psiquiátricas. A mãe, Marić, cuidou do filho até a morte, em 1948. Einstein não chegaria a vê-lo novamente, enviando apenas dinheiro para que ele continuasse sendo mantido dentro da clínica.
Eduard faleceu em 1965, aos 55 anos. O homem sofreu um derrame na clínica psiquiátrica Burghölzli, em Zurique, que o levou à morte. Ele foi enterrado no cemitério Hönggerberg, na mesma cidade.
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