Como a falta de comunicação entre os escalões ajudou os republicanos a derrubarem o regime monárquico
M.R. Terci Publicado em 15/11/2019, às 00h00
Em 13 de setembro de 1889, Manoel Deodoro da Fonseca, o fundador da República, não era republicano e respondia asperamente a seu sobrinho Clodoaldo da Fonseca: "República no Brasil é coisa impossível porque será uma verdadeira desgraça. Os brasileiros estão e estarão muito mal-educados para serem verdadeiros republicanos. O único sustentáculo do Brasil é a monarquia; se mal com ela, pior sem ela."
Em outra carta, recomendava: “Não te metas em questões republicanas, porquanto República do Brasil e desgraça completa é a mesma coisa; os brasileiros nunca se prepararão para isso, porque sempre lhes faltará educação e respeito.
Inobstante a intensa panfletagem republicana, a ideia da mudança de regime político não ecoava na cabeça de Deodoro e muito menos no país, tanto que na última eleição parlamentar realizada no Império, em 1889, o Partido Republicano só elegera dois deputados.
Assim, os republicanos pensaram em um golpe militar. Precisavam, todavia, de um líder de suficiente prestígio, para levarem a efeito o ato.
No dia 14 de novembro de 1889, os republicanos fizeram correr o boato, absolutamente sem fundamento, de que o governo do primeiro-ministro liberal Visconde de Ouro Preto havia expedido ordem de prisão contra o Marechal Deodoro.
Aturdido com a falsa notícia, Deodoro aceitou participar da quartelada para derrubar o ministério do Visconde de Ouro Preto. Dom Pedro II aceitou a demissão do primeiro-ministro e, após um desfile, Deodoro saudou as tropas aos gritos: “Viva Sua Majestade, o Imperador!”
Para convencer Deodoro a virar a casaca, os republicanos valeram-se de outra notícia falsa. Enviaram um mensageiro a Deodoro, informando que o novo primeiro-ministro era um político gaúcho com quem o Marechal não se dava por conta de terem disputado o amor da mesma mulher na juventude. De fato, Gaspar Martins havia derrotado Deodoro na disputa do coração de Ana Carolina Fonseca Jacques, a Baronesa do Triunfo, loira, esplendorosa e rica, contudo, Dom Pedro II nem sonhava em indica-lo à pasta do ministério.
Mas isso bastou.
Para bloquear o caminho do poder a quem lhe havia roubado o coração da amada, Deodoro traiu a longa amizade com o velho Imperador e concordou em assinar os primeiros atos que estabeleciam o regime republicano e federativo.
M.R. Terci é escritor e roteirista; criador de “Imperiais de Gran Abuelo” (2018), romance finalista no Prêmio Cubo de Ouro, que tem como cenário a Guerra Paraguai, e “Bairro da Cripta” (2019), ambientado na Belle Époque brasileira, ambos publicados pela Editora Pandorga.
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