Há quase duas décadas o brutal crime chocava o Brasil. Agora, em poucas semanas, duas produções contarão diferentes pontos de vista sobre o caso
Fabio Previdelli Publicado em 24/02/2021, às 17h01
No dia 31 de outubro de 2002, o assassinato do casal Manfred Albert e Marísia von Richthofen chocava o Brasil. Na época, os veículos noticiosos só falam sobre o caso e o mistério em torno do crime rendiam altas doses de audiência e sensacionalismo.
O brutal homicídio se tornou ainda mais assustador dias depois, quando Suzane, filha do casal, confessou aos policiais que tinha sido a mandante do crime, que fora cometido por Daniel Cravinhos, seu namorado, e o irmão dele, Cristian Cravinhos.
Estávamos diante de um dos maiores crimes brasileiros. Passados quase duas décadas, o caso, ainda hoje, chama a atenção e gera repercussão, seja pelas atitudes dos envolvidos, que ainda estão presos, ou por todo a análise do caso, que foi transformado em livros, documentários e até mesmo em filmes, como é o caso dos longas “A Menina que Matou os Pais” e “O Menino que Matou meus Pais”, que contará detalhes do assassinato sob duas perspectivas diferentes: a de Suzane e a de Daniel.
O filme foi anunciado em meados de 2019 e tinha lançamento previsto para o ano passado, porém, devido a pandemia do novo coronavírus, ele acabou sendo adiado algumas vezes.
A previsão mais recente é de que ele seja lançado no segundo trimestre deste ano. Pensando nisso, o site Aventuras na História separou tudo o que já foi divulgado sobre a produção. Confira!
Como já dito, os longas devem chegar às salas de cinema brasileiro no segundo trimestre deste ano. A previsão inicial, dada pela Galeria Distribuidora, que é coprodutora do filme, junto com a Santa Rita Filmes, é de que eles sejam lançados em 2021.
Porém, para isso acontecer, depende de como a evolução da vacinação contra a Covid-19 se desenvolverá em todo país.
Os filmes foram dirigidos por Maurício Eça, sendo rodados de forma simultânea, com a mesma equipe de produção e elenco, só que contanto pontos de vista diferentes de um dos crimes que abalou o Brasil há quase duas décadas.
Já o roteiro fica por conta de dois grandes nomes: Raphael Montes e Ilana Casoy, que juntos escreveram “Bom dia, Verônica” (Darkside), que recentemente foi adaptado para uma série que vem fazendo muito sucesso na Netflix.
Em recente entrevista, concedida em painel do filme na CCXP 2020, Montes disse que, na hora da roteirização, preferiu ficar longe de tudo o que estava sendo falado na mídia, focando mais nos autos do processo durante a escrita, o que, segundo ele, deixou o filme mais realista e verossímil.
"Eu não li nada de matéria. Eu decupei os autos dos processos e decupei os áudios do júri. O olhar que eu trazia acabava sendo para pensar em um filme com viradas, com tensão, com quebras de expectativa. Eu evitei mergulhar na personagem", contou.
Segundo o autor, a justificativa para isso é o fato de Casoy já ter uma grande expertise criminal, afinal, a criminóloga já estudou sobre vários casos, inclusive o dos Richthofen. Foi ela, inclusive, a responsável por reconstruir os passos dos jovens no livro “O Quinto Mandamento” (Ediouro).
"Na escrita do roteiro para o cinema, eu e o Raphael tivemos um mergulho interessante. O Raphael tinha 12 anos quando o crime aconteceu. Eu não trabalhava mais com o caso e esse encontro nos proporcionou uma visão mais distanciada, mais profissional da leitura desse processo", completou Ilana.
Ao estudarem o caso juntos, Casoy e Montes logo perceberam que certos pontos do crime tinham similaridade, porém, com pontos de vistas diferentes dados pelos autores do mesmo. Inicialmente, essas divergências seriam relatadas em um único longa.
"Primeiro a gente imaginou um filme só, depois a Galeria veio com a ideia de a gente dividir em dois", revelou Ilana. "A gente pede que as pessoas tenham o cuidado de assistir os dois. Tudo é verdade, tudo é mentira", frisa a criminóloga.
Segundo os autores, o principal desafio na hora de separar as versões era a de não repetir cenas desnecessárias. "Foi necessário criar curvas dramáticas. Há cenas que são pilares para ambos. Precisávamos fazer escolhas sempre", disse Raphael.
O papel principal, de Suzane, foi interpretado pela atriz Carla Diaz. Já o ator Leonardo Bittencourt deu vida a Daniel Cravinhos. Além deles, Leonardo Medeiros (Manfred von Richtofen), Vera Zimmerman (Marísia von Richtofen), Allan Souza Lima (Cristian Cravinhos) e Kauan Ceglio (Andreas von Richthofen) completam o elenco principal.
“Fui educada amando meus pais. Então não entra na minha cabeça uma filha fazer isso com os próprios pais. Olhando para a história por esse ponto de vista, assumir esse papel é um grande desafio pra mim como atriz. É uma história tão trágica e tão chocante para todo mundo. Realmente acredito que histórias assim não podem ser esquecidas”, disse Carla em entrevista ao G1.
“A primeira coisa que me veio à cabeça é uma frase que a gente escuta desde a escola: ‘Você aprende História para não cometer os mesmos erros’”, comentou Leonardo ao relembrar o momento em que foi convidado para participar da produção.
A atriz Carla Diaz é uma das participantes que está confinada nesta edição do Big Brother Brasil. E foi justamente durante o confinamento que ela revelou detalhes dos bastidores sobre o longa. “O filme que você fez vai sair agora, Carla? Você me falou, mas, eu não lembro”, indagou o participante João.
Diaz respondeu a dúvida do colega após questionar se ele se referia ao filme sobre o caso von Richthofen: “Espero que saia quando eu sair”. Em seguida, o participante demonstrou ainda mais curiosidade no assunto.
carla falando sobre o filme do caso suzane richthofen pic.twitter.com/HC8hHld0sO
— rodrigo (@tuitarods) January 28, 2021
“Quanto tempo você demorou para gravar?”, perguntou João. Carla respondeu que demorou 33 dias: “Gravação a gente rodou em 33 dias os dois filmes, foi corrido, mas a preparação [atriz foi interrompida]”.
Em seguida, Fiuk, outro participante do jogo que também escutava a conversa elogiou a artista: “Deve estar forte pra caceta. E é um papel cara, na boa, muito difícil Parabéns". Carla disse que foi um papel desafiador.
Apesar de toda a grandiosidade e carinho envolvendo o projeto, o filme, ainda assim, foi alvo de críticas, embora a maioria delas seja feita por pessoas desavisadas. Isso, inclusive, levou a Santa Rita e a Galeria Distribuidora a publicarem uma nota esclarecendo alguns desses pontos.
No texto, eles explicam que os filmes, ao contrário do que estava sendo dito, não foi produzido por meio de recursos públicos (como a Lei Rouanet, fundo setorial e outros meios), algo que gerou bastante indignação de internautas. "Estes filmes são produzidos 100% com investimento privado, sem verba pública”, dizia um trecho do comunicado.
Outra parte esclarece o ponto em que muitas especulavam que os Cravinhos ou que Suzane pudessem receber algo por conta de que suas histórias foram retratadas em um filme. "Eles não estão envolvidos e tampouco têm contato com atores, produtor, diretor ou equipe".
"Como é um caso público e a produção só se baseia nos autos do processo, sem conexão com os envolvidos, não haverá qualquer tipo de pagamento [aos envolvidos no crime]", completa a nota.
Fora esses pontos, há ainda quem criticou a ideia de se produzir um filme sobre um caso tão brutal. "Um filme sobre o crime da Suzane Von Richthofen? Acho bizarro e triste isso. Dar ibope para uma criminosa fria que matou os próprios pais, só no Brasil mesmo" ou "Brasil adora enaltecer criminosos", eram alguns comentários que se liam nas redes sociais em matérias que falavam sobre o filme, conforme pontuou reportagem publicada pela BBC.
Porém, outra parcela elogiou a produção e ainda questionou o porquê não acontece o mesmo com filmes internacionais que relatam a história de grandes crimes ou de seriais killers. "Mas quando faz filme de serial killer americano baseado em fatos reais, todo mundo assiste e aplaude. Mas aqui não pode! Brasileiro e a síndrome de vira-lata".
Entretanto, essa reação já era, meio que, esperada pelos produtores do filme. Em entrevista à BBC News Brasil, o produtor Marcelo Braga comentou sobre o assunto. “Trata-se de um dos crimes reais mais midiáticos do Brasil e aqui não temos a tradição de produzir filmes dessa natureza".
"O que nos chamou atenção é que outras dezenas de filmes gringos são bem vistos e não criam esta reação, justamente pelo Brasil não ter tradição de realizar filmes de crimes reais que aqui aconteceram e impactaram a nossa sociedade. Esta foi a diferença", completou.
Em fevereiro do ano passado, foi divulgado um trailer dos filmes "A menina que matou os pais" e "O menino que matou meus pais". Confira!
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