Os sete anões de Auschwitz, como ficaram conhecidos, passaram por meses de experiências traumáticas no campo de concentração
Penélope Coelho Publicado em 18/12/2020, às 17h00
O vilarejo de Rozavlea, na atual Romênia foi muito conhecido por sua grande população judaica, incluindo a família Ovitz. A maioria dos membros dessa família nasceu com nanismo, transtorno que dificulta o crescimento. A herança genética veio por parte pai, o rabino Shimshon Eizik Ovitz, um anão que se casou duas vezes, com mulheres que tinham o tamanho comum.
Essa condição nunca impediu que os irmãos Elizabeth, Rozika, Avram, Freida, Micki, Franzika e Perla, se expressarem como artistas. Após a morte de Shimshon, a família teve que pensar em uma solução para se manter, eles tinham poucas oportunidades para trabalhos convencionais, por isso, decidiram seguir no mundo da arte. Os Ovitz eram talentosos e fizeram sucesso como artistas itinerantes formando a trupe Jazz Band of Lilliput, e saíram em turnê pela Europa Central.
Os terrores na Segunda Guerra
Como eram judeus, a família teve que parar de fazer apresentações durante o período da Segunda Guerra, em uma tentativa de escapar dos nazistas, esconderam todos os seus objetos de valor em um buraco cavado embaixo do local onde eles estacionavam o veículo da trupe — tentando passar despercebida o máximo que pode.
Porém, não demorou muito para que o exército de Adolf Hitler invadisse a região da Romênia onde a família estava, eles foram capturados em março de 1944 e todos os parentes foram parar no campo de concentração de Auschwitz.
Lá, os irmãos passaram por todos os tipos de tortura quando se depararam com o médico nazista Josef Mengele, conhecido como o Anjo da Morte. O homem fez diversos experimentos aterrorizantes com os judeus, a família Ovitz não escapou.
Mengele ficou famoso por fazer atrocidades nos campos de concentração, como testes de morte exclusivo para mulheres, além de matar ciganos e extrair seus olhos. O médico também fez experimentos com gêmeos, retirando seus órgãos para uma pesquisa.
O Anjo da Morte costumava matar suas vítimas depois, porém, com os Ovitz isso não aconteceu, a obsessão do médico pelos anões, deu a chance para que eles pudessem escapar. O homem decidiu deixar os sete anões vivos, seu objetivo era continuar com os testes torturantes para entender mais sobre eles. Durante esses experimentos Mengele foi extremamente brutal.
Segundo Elizabeth Ovitz, o médico retirava fluidos da coluna vertebral dos anões, fazia diversos tipos de testes invasivos, incluindo ginecológicos e cerebrais, além de invadir regiões sensíveis como a boca e o nariz. O médico chegou a obrigar a família a ficar nua na frente do exército nazista, para que ele pudesse explicar suas conclusões sobre o nanismo.
O fim
Esse pesadelo durou sete meses, até que o campo de concentração fosse libertado, em janeiro de 1945. Os Ovitz retornaram então para Rozavlea, ao chegarem perceberam que a cidade estava um caos, assim como toda a Europa, porém, seus bens ainda estavam escondidos no mesmo lugar.
Com esse dinheiro, eles migraram durante algum tempo até encontrarem seu novo lar em Israel, onde continuaram com apresentações da trupe até 1955. Os irmãos decidiram encerrar a companhia depois disso, já que estavam fisicamente muito desgastados.
Os anões viveram por muitos anos depois da tragédia pela qual passaram. Micki e Avram morreram em 1972, aos 69 e 63 anos respectivamente. Freida faleceu em 1985, aos 70 anos. Franzika morreu em 1980, aos 90 anos de idade, em 1984, foi a vez da primogênita Rosika, que se foi aos 98 anos. Elizabeth morreu aos 78 anos, em 1992. E Perla foi a última da família a morrer, em 9 de setembro de 2001, aos 80 anos.
A linhagem dos Ovitz continuou com o legado artístico da família, os anões homens tiveram filhos de altura normal, porém, as mulheres jamais conseguiram engravidar devido às experiências em Auschwitz.
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