O enorme predador viveu onde hoje é a Colômbia há 60 milhões de anos e possuía mandíbulas poderosas
Isabela Barreiros Publicado em 04/12/2021, às 08h00
Predadores gigantescos, que se parecem um pouco com os animais que conhecemos hoje — menos no tamanho — habitaram o território latino-americano no passado. Um deles foi a tartaruga da espécie Carbonemys cofrinii , que significa “tartaruga de carvão”.
O gigante sul-americano viveu nessas terras há cerca de 60 milhões de anos, mais ou menos 5 milhões de anos depois do desaparecimento dos dinossauros. Naquele período, espécies de répteis diferentes começaram a surgir no planeta, em especial por aqui.
A principal hipótese entre os cientistas é que as mudanças no ecossistema, que passou a ter menos predadores com o fim dos dinossauros, uma área de habitat maior, alimentos abundantes e mudanças climáticas possibilitaram a sobrevivência desses animais gigantes.
O fóssil da tartaruga gigante foi encontrado em 2005 em uma mina de carvão que fazia parte da formação Cerrejón, no norte da Colômbia, próximo à fronteira com a Venezuela, o que fez com que a espécie fosse batizada de Carbonemys.
O estudo mais aprofundado sobre a espécie foi feito em 2012 por um grupo de cientistas americanos que publicou a descrição científica da tartaruga no periódico científico Journal of Systematic Paleontology, como noticiou o portal Smithsonian Insider na época.
O que mais impressionou os cientistas sobre o fóssil descoberto em 2005 foi o seu tamanho. Edwin Cadena, que na época era estudante de doutorado da Carolina do Norte, foi o responsável por encontrar o material e tinha quase o mesmo tamanho da tartaruga.
Ambos mediam 172 centímetros; Cadena, de altura, e a tartaruga, de comprimento.
Mas eles só puderam entender que este era o tamanho do animal quando o compararam com o crânio da tartaruga, que havia sido encontrado anteriormente e permitiu que os cientistas sugerissem que o esqueleto encontrado também era da mesma espécie.
Nas proximidades, a equipe já havia identificado um crânio do espécime com 24 centímetros. Para comparação, esse é quase do tamanho de uma bola de futebol americano oficial da NFL.
“Tínhamos recuperado espécimes de tartarugas menores do local. Mas depois de passar cerca de quatro dias trabalhando para descobrir a carapaça, percebi que essa tartaruga em particular era a maior que alguém havia encontrado nesta área naquele período — e nos deu a primeira evidência de gigantismo em tartarugas de água doce”, contou Cadena.
Depois de recuperarem o enorme fóssil, os pesquisadores submeteram o material a um estudo e examinaram as principais características do animal, que faz parte de um grupo de tartarugas de pescoço lateral, conhecidos como pelomedusoides.
Os restos fossilizados permitiram que os cientistas notassem as mandíbulas poderosas da espécie, que teriam transformado o animal em um predador muito capaz no território em que ele vivia, podendo comer de tartarugas menores até crocodilos, sendo onívoro.
Eles também concluíram que, pelo tamanho, a tartaruga necessitaria de um território proporcional para conseguir ter alimento suficiente para conseguir sobreviver. É o que explica Dan Ksepka, paleontólogo do Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte.
É como ter uma grande tartaruga agarradora vivendo no meio de um lago. Aquela tartaruga sobreviveu porque comeu todos os principais competidores por recursos”, afirmou.
“Encontramos muitas conchas marcadas com mordidas neste local que mostram crocodilianos sendo predados em tartarugas de pescoço lateral. Nenhum teria incomodado um Carbonemis adulto, porém — na verdade, crocodilos menores teriam sido presas fáceis para este gigante”, acrescentou.
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