Genelle Guzman-McMillan foi a última sobrevivente do atendado que marcou a história— e teve um socorrista curioso
Caio Tortamano Publicado em 02/09/2020, às 18h30
Era dia 11 de setembro de 2001 quando, depois de ouvir um barulho terrível do lado de fora do World Trade Center, Genelle Guzman-McMillan se assustou e decidiu descer o colossal prédio correndo pelas escadas. Nesse momento, as paredes começaram a entrar em colapso e tudo se tornou escuridão.
Genelle era uma das mais de 17 mil pessoas que estavam no complexo das Torres Gêmeas no fatídico momento que iria marcar — e mudar — completamente o século 21. Ela só foi ver luz novamente 27 horas depois de ter sido soterrada pelos destroços do prédio, abatido com dois aviões.
A história dela, porém, se difere de vários outros sobreviventes dos atentados, já que ela só foi encontrada embaixo do concreto por causa de um cachorro. Entre a enorme equipe de busca e resgate mobilizada para encontrar sobreviventes, cães farejadores foram utilizados pela polícia, por volta de 300 deles.
Resgate
Nos dias seguintes ao atentado, as buscas se concentraram no chamado ponto-zero do abalo, onde se concentrava maior parte dos destroços observados, e a última pessoa a ser encontrada foi justamente Guzman-McMillan. Em um documentário ressaltando a importância desses animais no resgate de vítimas no 11 de setembro, Genelle afirmou ter se “sentido totalmente renovada na vida… Esse [ter sido achada pelo cachorro] foi um dos momentos mais maravilhosos da minha vida”.
A obra pertence ao canal Animal Planet, e tem como nome Hero Dogs of 9/11 (Cachorros heróis do 11 de setembro, em tradução livre). O documentário busca, pelo depoimento de pessoas envolvidas, explicar e mostrar a importância do trabalho dos animais desde a busca até a recuperação de feridos.
A fuga
O fato de ter sobrevivido, por si só, já foi um grande milagre. Enquanto fugia do prédio pelas escadas, Guzman estava acompanhada de outras 15 pessoas de sua empresa, mas apenas ela acabou sobrevivendo ao desmoronamento, “Estava tudo escuro e balançando”, relembra para a equipe do documentário.
Os momentos depois da queda, no entanto, foram mais angustiantes ainda. Presa sob toneladas de cimento e metal, que um dia sustentaram um dos edifícios mais emblemáticos de Nova York, a única coisa que conseguia fazer era rezar para que alguém a encontrasse. E a acharam, mas, certamente, não pela maneira como esperava.
Vida pós choque
“É incrível como cachorros conseguem ter esse tipo de sentido, de usar suas características para encontrar pessoas soterradas por escombros”. A mulher confessou que, hoje, uma de suas missões de vida é continuar ressaltando a importância desse tipo de treinamento que, em seu caso, simplesmente salvou a sua vida.
Como se já não bastasse a dificuldade por ter saído com vida do atentado, a sobrevivente teve que passar por exames de saúde para saber quais foram os efeitos de ter ficado presa em sua vida. O diagnóstico não era dos melhores, e alguns médicos afirmaram para Guzman-McMillan que ela nunca mais iria voltar a andar.
Contrariando as expectativas médicas, a mulher conseguiu recuperar o movimento das pernas, e agora sua atividade física prioritária é correr. Desde o atentado pra cá, acabou casando e tendo duas filhas.
Outro salvo pelos animais
Não foi Genelle a única mulher salva pelos cachorros. Outra história se destaca entre as diversas marcantes. Michael Hingson era um homem cego que, no momento que o primeiro avião atingiu a torre, só conseguiu evacuar do edifício graças ao seu cão-guia.
A golden retriever chamada Roselle foi responsável por tirar, em segurança, seu dono de dentro do prédio. O ótimo trabalho da cadela, e a vida que Michael pôde continuar tendo graças a sua ajudante, o levaram a escrever um livro sobre o caso. Ele se tornou representante de uma organização para formação de cães-guias.
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